Castelo, Alfama e Mouraria

A corner of the Mouraria

Os Núcleos Mais Antigos de Lisboa

Agregámos Castelo / Alfama / Mouraria, os núcleos mais antigos desta cidade, para lhe mostrar o mais típico, pitoresco e histórico que Lisboa tem para lhe oferecer.

Venha descobrir a rica história desta Lisboa multicultural, aventurando-se connosco na zona de Castelo / Alfama / Mouraria!

Castelo

Iniciamos este percurso Castelo / Alfama / Mouraria no núcleo do Castelo. O Castelo de São Jorge situa-se no topo da colina mais alta e, ainda hoje, a mais facilmente identificável de Lisboa. O seu nome deve-se ao rei D. João I (séc. XIV) para evocar o padroeiro dos cavaleiros e dos cruzados. Mas a ocupação deste sítio foi muito anterior, remonta ao período romano.

As muralhas e alcáçova romanas foram recuperadas e ampliadas pelos muçulmanos, por volta do séc. VIII, dando origem à chamada Cerca Moura. Esta foi absorvida pela Cerca Fernandina, sete séculos depois, resultando numa muralha muito mais extensa.

Ao longo dos tempos o Castelo teve várias funções. Foi Paço Real, local de residência e aclamação de reis, do séc. XIII até ao reinado de D. Manuel I, no séc. XVI. Foi também aqui que até ao séc. XIX se guardou o arquivo histórico nacional, o Tombo.

Hoje, o Castelo é sítio de passeio turístico obrigatório, centro de núcleos museológicos e palco de eventos culturais. Daqui se avistam as mais belas panorâmicas de Lisboa, do Tejo e da margem sul.

O tempo pára… o movimento da cidade fica lá em baixo e temos a ilusão que o mundo é perfeito.

S. Jorge Castle

Alfama

O lugar onde podemos avistar toda a Alfama aos nossos pés é, sem dúvida, nos miradouros de Santa Luzia e das Portas do Sol, sempre repletos de turistas e curiosos num frenesim constante. Mas se nos aventurarmos pelas emaranhadas ruas, acabamos por passar no adro da Igreja de Santo Estêvão e aqui somos surpreendidos pela tranquilidade que nos convida a mergulhar o nosso olhar no Tejo.

Alfama é o núcleo habitacional mais antigo de Lisboa. Situado fora da antiga Cerca Moura, no arrabalde virado a nascente. Conserva até à actualidade as características de um bairro árabe, com ruas estreitas, becos e escadinhas que nos levam do castelo ao rio.

A origem árabe do seu nome, al-hamma, fontes e banhos, revela-nos a abundância de água de nascente disponível, razão pela qual os povos se estabeleceram nesta zona da cidade. Ainda hoje, podemos observar inúmeros chafarizes do topo à base da encosta, assim como estruturas dedicadas a banhos que funcionaram até às primeiras décadas do séc. XX.

A nível arquitectónico, facilmente nos perdemos no tipicismo das antigas casas de ressalto e nas janelas de adufa, janelas avançadas de estilo mourisco. Da antiga judiaria que aqui existia, já nada resta. Mas somos surpreendidos por palacetes disfarçados atrás de fachadas mais ou menos discretas, por igrejas e, naturalmente, por restaurantes e casas de fados.

É também por estas ruas antigas que passam as procissões e as manifestações populares, atraindo milhares de pessoas em tempo de festa. Aqui o bulício é feito pelas gentes locais, descendentes de pescadores e marinheiros, e pelos visitantes que passeiam por estas ruas de olhos deslumbrados e de ouvidos cheios de acordes de guitarras.

Alfama seen from Portas do Sol

Entre Alfama e a Mouraria

Encostada a Alfama e antes de entrar na Mouraria temos a zona incontornável da Sé. O seu centro de atracção é, evidentemente, a velha Igreja de Santa Maria Maior, mandada erigir por Afonso Henriques, na mesma localização sagrada de anteriores ocupações. Mesmo em frente, situa-se a Igreja de Santo António, local preciso onde nasceu o santo de maior devoção do mundo e patrono do coração da população de Lisboa.

Logo ao lado, localizam-se dois museus a não descurar, o de Santo António e o do Aljube – Resistência e Liberdade. Este último, antigo edifício que atravessou muitas épocas e diferentes utilizações, foi no séc. XX prisão política e aqui, a exposição permanente é agora testemunho da opressão e da resistência anti-fascista.

Mouraria

Na encosta norte da colina do Castelo, encontramos a Mouraria, bairro que viu nascer alguns dos mais ilustres fadistas de Lisboa.

Até 1170 era uma zona periférica desocupada e insalubre. Foi este o espaço que o vitorioso rei Afonso Henriques destinou aos mouros derrotados que optaram por permanecer na cidade. Aqui desenvolveram as suas actividades agrícolas, comerciais e artesanais que englobava as olarias e a manufactura de tapetes.

No séc. XIX, este bairro de ruas estreitinhas e labirínticas caracterizava-se pela pobreza, vivência boémia e fado. Nos anos 40 sofreu um verdadeiro terramoto quando assistiu à demolição da parte baixa do bairro. Das suas velhas casas, um palácio abandonado, uma igreja e sala de espectáculo apenas restou a pequena Capela de Nossa Senhora da Saúde. A modernidade quis apagar esta zona degradada, mas o projecto ficou por concluir e dele apenas restou um largo, o Martim Moniz. Demasiado grande para ser facilmente reocupado, ficou como que uma ferida aberta no coração de um bairro triste. Este golpe ficará registado nas letras dos fados que choram esta perda.

De há alguns anos a esta parte, a Câmara Municipal de Lisboa e o Projecto Renovar a Mouraria têm tido, com sucesso, papel fundamental na reabilitação desta área da cidade. Desde sempre, profundamente marcada pela multiculturalidade, ainda hoje, é caracterizada pela ocupação de gentes de diversas origens, cruzando religiões e culturas de cerca de 92 nacionalidades.

Mouraria and Praça do Martim Moniz
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