História dos Coretos: Pormenor da cobertura do Coreto do Jardim da Estrela, 1894

História dos Coretos, Memórias de Liberdade e Identidade

Artigo original publicado em  11/07/2018

A história dos coretos, a sua origem e qual o seu papel na vida da cidade é o que hoje lhe propomos conhecer. Sabe porque entraram em declínio e qual o seu sentido no contexto actual? Venha descobrir!

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História dos Coretos

Origem e Tipologia

Arquivo Municipal de Lisboa; Coreto montado no Rossio por ocasião da visita de Afonso XIII de Espanha, 1903; Paulo Guedes (1886-1947); PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/PAG/000042

Os coretos são uma estrutura elevada, um palco quase sempre coberto, que permite a presença de público em seu redor, destinado à exibição de agrupamentos musicais.

Juntamente com os quiosques, é um equipamento que deriva do Kiosco de origem persa. Uma construção ligeira com cobertura, habitualmente construída no fundo dos jardins ou num local elevado onde se podia gozar de boa vista. Tratava-se de um lugar de descanso onde se podia usufruir da sombra que esta proporcionava ou proteger de uma chuva súbita, o que hoje chamaríamos uma pérgula.

Os coretos eram implantados em jardins ou praças e ofereciam ao público concertos gratuitos ao fim-de-semana, constituindo programa de lazer e fruição de espaços verdes.

A base destas construções era, geralmente, em alvenaria ou em cantaria com o interior vazado. Permitia criar um espaço de arrecadação para arrumação de cadeiras para o público e para os músicos, estantes e outro material, assim como ferramentas de jardinagem utilizadas na manutenção do espaço envolvente.

No que respeita à estética, predominava o gosto oriental da sua origem, então em voga, associado à emergência do design e à moderna arquitectura do ferro.



Coretos Móveis e Fixos

Arquivo Municipal de Lisboa; Comemorações do 1º aniversário da República Portuguesa, Coreto no Largo do Corpo Santo, 1911; António Novais (1854-1940); PT/AMLSB/ANV/000797

A história dos coretos tem início no final do séc. XVIII, quando para a realização de festas sazonais ou eventos importantes eram montadas estruturas efémeras.

Estas eram construídas em materiais mais perecíveis como a madeira, sendo os têxteis e decorações substituídos em função do evento.

Quer se tratasse de uma festa de cariz popular como os arraiais, as feiras e romarias; ou de carácter oficial como as visitas de chefes de estado, comemorações ou exposições, os coretos tinham um lugar de destaque.

Enquanto equipamentos fixos surgiram associados ao período de desenvolvimento e expansão das cidades, no final do séc. XIX, fazendo parte integrante do equipamento dos novos projectos urbanísticos. Coretos, candeeiros, chafarizes, bancos, urinóis e casas de banho públicas, quiosques e gradeamentos de segurança, serviam a população e regulavam o espaço público.

O primeiro coreto fixo de Lisboa foi construído no Passeio Público em 1848, um jardim murado que marcava o limite norte da cidade. Foi demolido em 1884 na sequência da abertura da Avenida da Liberdade que permitiu o alargamento da cidade.

Contexto Político e Social

Arquivo Municipal de Lisboa, Bernardino Machado discursando no comício republicano, realizado na antiga Avenida Dona Amélia, actual Avenida Almirante Reis, 1908; PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/ACU/001258

Como vimos, a história dos coretos remonta  ao séc. XVIII mas o seu papel adquire realmente importância no século seguinte. Um pouco por toda a Europa, traduzirá o gosto e mentalidade de um período pós-revolucionário, liberal e democrático.

Os políticos e mecenas do final do séc. XIX e início do séc. XX apoiavam uma oferta cultural no espaço público promovendo novas actividades lúdicas, instrução e nivelamento social. A música assumirá um papel fundamental neste objectivo e passará a estar sempre presente em todos os tipos de eventos.

Enquanto as bandas actuavam nos coretos, o público estava dispensado de convenções. Na rua podia-se estar sentado ou de pé, dançar ou passear. As bandas, militares ou filarmónicas, traziam para a rua adaptações de música erudita, destinada aos ouvidos de todos. Nas colectividades os elementos das filarmónicas, constituídos por diferentes estratos sociais privavam, sendo as diferenças atenuadas pela adopção de farda. 

Em suma, o coreto está ligado à ideia de liberdade e democratização da cultura, objectivos dos ideais revolucionários e republicanos.

O seu declínio, em meados do séc. XX, relaciona-se com o período dos conflitos mundiais e a emergência dos regimes totalitários associado ainda ao aparecimento da rádio e mais tarde da televisão. Estes novos meios de comunicação e diferentes formas de ouvir música proporcionaram uma atitude mais privada e individual.  

Em Portugal, a política liberal será fortemente abalada durante o Estado Novo. As políticas de isolamento e clima de Guerra Colonial criaram um ambiente adverso à realização de festas. A juventude que geralmente caracterizava os elementos das bandas dividiu-se entre a emigração e a guerra.

Nas décadas de 80 e 90 foram construídos diversos coretos em Lisboa. Esta prática traduz a consolidação do regime democrático e o interesse em fomentar iniciativas culturais locais. O coreto surge assim como equipamento público agregador de comunidades.

Conheça e saiba mais sobre os coretos que hoje existem na cidade em Os Coretos de Lisboa, Elemento Agregador de Comunidades.

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