Situado numa das mais belas praças do mundo, o Arco do Triunfo da Praça do Comércio, ou vulgarmente chamado Arco da Rua Augusta, é a monumental porta que liga Lisboa ao Tejo.
A construção deste Arco do Triunfo, emblemático remate do conjunto arquitectónico que constitui o outrora Terreiro do Paço, foi um processo lento e não isento de controvérsia.
Suportado por grandiosas colunas é encimado por um conjunto escultórico carregado de simbolismo.
Hoje é uma das atracções turísticas da cidade, visita obrigatória para nacionais e estrangeiros, que ali se deslumbram com uma vista de 360 graus sobre o rio e a Baixa Pombalina.
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A Nova Praça do Comércio
![Vista da frente sul aberta ao rio](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/01-arco-praca-comercio-getlisbon.jpg)
Após o devastador terramoto de 1755, houve a necessidade de reconstruir toda a zona baixa da cidade. Foi então constituída uma equipa de engenheiros e arquitectos, dirigida pelo ministro Marquês de Pombal, que sob as regras do Iluminismo Reformista criou uma nova cidade moderna, racional, num estilo clássico e sóbrio, o Estilo Pombalino.
A monumental Praça do Comércio foi construída sobre o antigo Terreiro do Paço. O palácio real que ali existia desde o séc. XVI e que havia ruído, encontrou apenas substituto simbólico na estátua equestre do rei D. José I.
A praça constituída por edifícios marcados por arcadas apresenta uma simetria perfeita rematada a nascente e poente por dois torreões, a frente sul aberta ao rio e a norte à nova cidade. A meio desta, esteve desde o primeiro momento projectado o Arco do Triunfo da Praça do Comércio, a entrada nobre de Lisboa.
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O Arco do Triunfo da Praça do Comércio – Um Processo Lento
![Em 1815 as colunas de suporte foram edificadas, mas só em 1873 foi inaugurado o monumento da autoria de Veríssimo José da Costa.](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/03-arco-praca-comercio-construcao-getlisbon.jpg)
O primeiro projecto, de linhas clássicas, foi aprovado em 1758 e era da autoria de Eugénio dos Santos. Consistia num arco de volta perfeita ladeada por nichos com estátuas, e frontão triangular simples, coroado por um conjunto escultórico.
Em 1762 este arquitecto morre e é substituído por Carlos Mardel que irá apresentar uma nova proposta. Este, mais ligado a um modelo barroco, substitui o remate do frontão por uma alta torre sineira com relógio, adornada com pináculos e fogaréus.
Tal como o anterior, este projecto ficou a aguardar execução, uma vez que os recursos económicos do reino foram sendo destinados a obras mais prementes.
Com o passar do tempo o contexto político e o gosto foram alterando e surgiram novas ideias que foram provocando uma discussão acesa que animava os lisboetas.
Assim, a execução do Arco do Triunfo da Praça do Comércio foi sendo sucessivamente adiada, primeiro pelo afastamento do governo do Marquês de Pombal em 1777, depois pela instabilidade política e económica resultante da guerra civil que marcou as primeiras décadas de oitocentos.
Contudo, em 1815 as colunas de suporte foram edificadas, mas só em 1873 foi finalmente inaugurado o monumento da autoria de Veríssimo José da Costa, uma solução que aproveita o melhor das duas primeiras propostas.
De Eugénio dos Santos os conjuntos escultóricos, as linhas clássicas e proporções mais equilibradas; de Carlos Mardel o relógio, aqui presente na face virada a norte em contraponto ao escudo real na face sul, e um gosto barroco patente na decoração rococó que os rodeia.
![Face Norte do Arco da Praça do Comércio onde se encontra o relógio](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/04-arco-praca-comercio-lado-norte-getlisbon.jpg)
Veríssimo José da Costa aproveita a base já construída mas dispensa o frontão triangular comum aos projectos pioneiros, substituindo-o por um corpo rectangular que corresponde a um grande salão que alberga o mecanismo do relógio e de onde através de duas grandes janelas laterais se alcança uma vista soberba.
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As Esculturas do Arco do Triunfo da Praça do Comércio
![Face Sul do Arco da Praça do Comércio - o programa iconográfico de Anatole Calmels](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/05-arco-praca-comercio-getlisbon.jpg)
As esculturas presentes no Arco do Triunfo da Praça do Comércio resultam de um programa iconográfico da autoria do francês Célestin Anatole Calmels (1822-1906). Este artista realizou, entre outras, obras emblemáticas como as Alegorias que ladeiam o portal do Palácio Palmela e o grupo escultórico do frontão da Câmara Municipal de Lisboa.
As intervenções presentes na face sul, ao nível do primeiro registo foram executadas pelo escultor romântico português Victor Bastos (1830-1894), autor entre outras peças, do monumento de homenagem ao poeta Luís de Camões situado na Praça com o mesmo nome.
As Estátuas do Primeiro Registo
Tratam-se das colossais alegorias dos rios Tejo (lado poente) e Douro (lado nascente) que ladeiam o corpo do edifício, e dois pares de estátuas que representam quatro figuras proeminentes da História de Portugal.
Se nas representações dos mesmos rios presentes nas esculturas da Avenida da Liberdade pode haver dúvidas sobre a identidade de cada uma das figuras, aqui parece ser clara a sua identificação. A estátua do lado nascente tem como atributo um cacho de uvas que nos remete imediatamente para o rio vinhateiro, Região Demarcada do Douro, assim instituída em 1756 durante o governo de Pombal. Do outro lado o Tejo parece já ter tido um atributo na mão mas, o que quer que fosse, encontra-se partido.
No que respeita às estátuas encontramos da esquerda para a direita: do lado poente, Viriato (181 a.C.-139 a.C.), o mítico comandante dos Lusitanos, seguido de Vasco da Gama (1469-1524), o navegador e explorador que descobriu o caminho marítimo que liga a Europa ao Oriente.
![Do lado Poente observa-se uma colossal alegoria do rio Tejo, e duas estátuas que representam figuras proeminentes da história de Portugal, Viriato e Vasco da Gama](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/06-arco-praca-comercio-poente-getlisbon.jpg)
Do lado nascente e no mesmo sentido, tem lugar o Marquês de Pombal (1699-1782), grande responsável pelo desenvolvimento do país e pela reconstrução da capital, figura que certamente não teria aqui lugar se o arco não tivesse sido construído tão tardiamente. Segue-se o Condestável e Beato Nuno Álvares Pereira (1360-1431), personagem igualmente incontornável da História de Portugal e de Lisboa, fundador do Convento do Carmo.
![Do lado Nascente observa-se uma colossal alegoria do rio Douro, e duas estátuas que representam figuras proeminentes da história de Portugal, Marquês de Pombal e Nuno Álvares Pereira.](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/07-arco-praca-comercio-nascente-getlisbon.jpg)
Quatro personalidades de épocas e qualidades distintas mas certamente relacionadas com as alegorias que encimam o arco, o Valor e o Génio coroados pela Glória.
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O Conjunto Escultórico que Encima o Arco
Este último grupo escultórico de pedra apresenta-nos três figuras, uma central de pé que representa a Glória que coroa com louros de bronze duas figuras sentadas que a ladeiam. Por baixo a inscrição: “VIRTVTIBVS MAIORUM VT SIT OMNIBVS DOCMENTO. P.(ECVNIA) P.(VBLICA) D.(ATVM)” ou seja: “À virtude dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas.”
![O grupo escultórico de pedra que encima o arco apresenta-nos três figuras, uma central de pé que representa a Glória que coroa com louros de bronze duas figuras sentadas que a ladeiam: Minerva (o Valor) e Apolo (o Génio).](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/08-arco-praca-comercio-conjunto-escultorico-getlisbon.jpg)
Do lado poente a figura feminina da Deusa Minerva tem como atributos a espada e o elmo emplumado, a seu lado submisso repousa um leão. Dos dois lados do elmo estão representados dois pequenos dragões alados que nos lembram o símbolo da dinastia de Avis.
A deusa romana Minerva associada à grega Atena é a deusa da sabedoria, do conhecimento, da estratégia militar, patrona do trabalho manual aqui ligada ao Valor.
![A figura feminina da Deusa Minerva tem como atributos a espada e o elmo emplumado, a seu lado submisso repousa um leão. Dos dois lados do elmo estão representados dois pequenos dragões alados que nos lembram o símbolo da dinastia de Avis.](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/00-arco-praca-comercio-minerva-getlisbon.jpg)
O Génio está aqui representado, do lado nascente, pelo deus Apolo que apresenta livros e uma lira como atributos. Neste caso a figura do jovem imberbe está provida de asas, aspecto que o liga à figura cristã do Arcanjo São Miguel.
Sob uma das suas asas encontra-se ainda presente a discreta figura de um filósofo, de pequenas dimensões, que nos remete, hipoteticamente, para Virgílio, o escritor romano do séc. I a.C., que defendeu que na sequência das Idades do Mundo a última seria regida por Apolo.
![O deus Apolo, que apresenta livros e uma lira como atributos e a que se associa o Génio. Neste caso a figura do jovem imberbe está provida de asas, aspecto que o liga à figura cristã do Arcanjo São Miguel. De pequenas dimensões a discreta figura de um filósofo remete-nos, hipoteticamente, para Virgílio o escritor romano do séc. I a.C., que defendeu que na sequência das Idades do Mundo a última seria regida por Apolo.](https://getlisbon.com/wp-content/uploads/2020/03/09-arco-praca-comercio-apolo-getlisbon.jpg)
A simbologia do Arco do Triunfo da Praça do Comércio, da Estátua Equestre do Rei D. José I, do Cais das Colunas e da própria dimensão e proporção da Praça e dos edifícios que a constituem como um todo, têm sido alvo de interpretações que tendem a valorizar o seu carácter maçónico e esotérico. Deixamos essas reflexões para os especialistas.
Resta-nos apelar à visita ao Arco do Triunfo da Praça do Comércio que se encontra aberto ao público desde 2013. Com entrada pela Rua Augusta, através de um elevador e depois de uma escada mais fácil de subir do que aparenta, tem acesso a um terraço onde se pode deslumbrar com a emocionante vista.
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