Em Arte do Antigo Egipto nos Museus de Lisboa damos-lhe a conhecer os espaços museológicos onde existem produções artísticas desta fascinante civilização, na nossa cidade das Sete Colinas.
O Antigo Egipto, pela sua antiguidade, originalidade e qualidade artísticas, suscita muito interesse e admiração em todo o mundo.
A grande atracção por esta sociedade tão antiga concentra-se no impacto que provoca a sua arquitectura, na arte e nos artefactos produzidos no contexto religioso e na crença da vida após a morte.
A sua produção artística, realizada durante cerca de três mil anos de história de Egipto faraónico, período absolutamente inigualável e fascinante, continua a inspirar e surpreender o Homem contemporâneo. Na verdade, perante a pergunta qual o seu destino de sonho, não raras vezes, surge a resposta: Egipto.
Mas se a vontade de realizar essa viagem lhe está interdita, ou enquanto não reúne as condições necessárias à concretização desse sonho, pode ir ao encontro da arte do Antigo Egipto nos museus de Lisboa.
Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.
O Fascínio pelo Antigo Egipto
A prática de coleccionar antiguidades egípcias remonta ao império romano. Com a expansão muçulmana do séc. VII, o Egipto fecha-se à Europa, caindo no esquecimento. No séc. XVI, durante o Renascimento, foi redescoberto quando foram encontradas peças desta origem em Itália. Mas foi só em 1798 com a expedição de Napoleão ao Egipto que este interesse sofreu uma verdadeira explosão.
A partir daí e durante todo o séc. XIX, início do séc. XX, viajantes curiosos e caçadores de tesouros competiram com arqueólogos e egiptólogos na obtenção de artefactos.
A corrida desenfreada e o pouco conhecimento provocou danos irreparáveis no património há muito abandonado e ignorado. Contudo, também permitiu que o entendimento desta civilização perdida fosse revelado e compreendido.
O ocidente foi então invadido por antiguidades egípcias, dos mais pequenos amuletos, aos apetecíveis sarcófagos com múmias. Mas também grandes peças de escultura como esfinges, estátuas de faraós de grandes dimensões e mesmo peças de arquitectura como obeliscos e pequenos túmulos foram deslocados dos seus locais originais.
Um pouco de todo o tipo de artefactos foram-se espalhando pelo mundo, enriquecendo colecções de particulares e de museus das principais cidades europeias e dos EUA.
Felizmente os tempos mudaram e a consciência sobre a valorização e preservação do património do Egipto Antigo estão hoje asseguradas pelo estado Egípcio. Os testemunhos desta fantástica civilização estão ainda por todo o lado de norte a sul desse país, sendo que muito estará ainda por descobrir.
Colecções Egípcias em Portugal
Como vimos existem peças espalhadas em inúmeros museus de vários países. Portugal não é excepção.
Estão contabilizados, pertencentes a museus ou a coleccionadores particulares, mais de mil artefactos evocativos do Antigo Egipto. Peças estudadas e publicadas num projecto que o Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa tem vindo a realizar desde o início dos anos 90 do séc. XX.
Um pouco por todo o país encontramos em variados museus artefactos egípcios.
É assim no Museu de Arqueologia e Pré-História da Faculdade de Ciências do Porto em Vila Nova de Gaia, onde se reúnem mais de uma centena de peças; no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto; no Solar Condes de Resende em Canelas; no Museu do Caramulo; no Palácio-Museu de Vila Viçosa; no Museu dos Condes Castro Guimarães, em Cascais; no Museu Nogueira da Silva, em Braga ou no Museu de Aveiro.
Mas a maior concentração está na capital com cerca de 800 das 1000 peças existentes no total do território nacional.Vamos mostrar-lhe os locais onde pode apreciar os testemunhos desta peculiar civilização. Uma diversidade de colecções com diferentes características que o convidamos a conhecer em a arte do Antigo Egipto nos museus de Lisboa.
Ao Encontro da Arte do Antigo Egipto nos Museus de Lisboa
Museu Nacional de Arqueologia
Começamos pela colecção de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia que é a que detém mais peças, reunidas ao longo do séc. XX.
Leite de Vasconcelos, fundador do Museu em 1893, trouxe do Egipto cerca de 70 peças em 1909. A estas vieram-se juntar cerca de 200 trazidas pela rainha D. Amélia durante uma viagem a esse país em 1903 e que passaram para a posse do Estado com a Implantação da República em 1910. Os restantes artefactos foram doados por coleccionadores particulares.
De um total de 584 objectos, 80 permanecem de origem desconhecida.
Até às obras de remodelação do Museu, actualmente em curso, encontravam-se expostas permanentemente 309 peças que abrangiam mais de cinco mil anos desta civilização: mais de dois mil de Pré-História (c.6000 – 3000 a.C.) e cerca de três mil de História (c. 3000 a.C. – 642 d.C.).
Aqui estavam expostos dos mais rudimentares artefactos pré-históricos a objectos de grande qualidade artística que reflectem os mais notáveis períodos da civilização egípcia. Revelações sobre a vida quotidiana, manifestações de arte e religiosidade que ansiamos voltar a ver.
Museu Calouste Gulbenkian
A colecção egípcia do Museu Calouste Gulbenkian – Colecção do Fundador, com substancialmente menos peças do que a anterior (40 peças expostas e 14 em reserva) mas com uma qualidade irrepreensível, reflecte o gosto e conhecimento do seu coleccionador.
Aqui não encontrará sarcófagos com múmias, nem objectos da pré-história ou do período copta como nos restantes museus. Contudo, o acervo, escrupulosamente seleccionado e reunido entre 1907 e 1929, pela sua qualidade e representatividade permite diferentes níveis de interpretação iconográfica e ideológica.
Calouste Gulbenkian foi um apaixonado pela civilização egípcia e são famosas as fotografias onde se fez retratar junto da grande Esfinge em Gizé ou da estátua do deus Hórus no Templo de Edfu. Esta foi sabiamente aproveitada pelo escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975) que realizou o conjunto escultórico que se encontra nos jardins da Fundação Gulbenkian, inaugurado em 1965 e do qual reproduzimos pormenor na capa deste nosso artigo Arte do Antigo Egipto nos Museus de Lisboa.
Esta magnífica colecção está exposta desde 1969 neste imperdível museu, destino obrigatório de quem visita a cidade.
Merecem o nosso destaque os catálogos das colecções egípcias do Museu Nacional de Arqueologia (esgotado) e do Museu Calouste Gulbenkian (disponível no museu em diferentes línguas). Ali encontram-se as imagens e a descrição pormenorizada de cada uma das peças, assim como a leitura dos textos nelas inscritas. Um trabalho rigorosamente elaborado pelo egiptólogo português Luís Manuel de Araújo.
Museu da Farmácia
O Museu da Farmácia possui mais de 100 objectos oriundos do Antigo Egipto, distribuídos entre os museus de Lisboa e Porto.
Este museu reúne um conjunto interessante de peças de carácter pedagógico. Entre eles um sarcófago antropomórfico, profusamente decorado, que se tornou uma das principais atracções do museu. Foi adquirido pelo mesmo num leilão e encontra-se exposto desde 2002.
Este é o mais bem conservado dos 10 sarcófagos egípcios que se encontram em Portugal.
A prática da mumificação e os sarcófagos visavam a conservação do corpo e da perpetuação do bom nome e memória do indivíduo após a sua morte física. Estão por isso directamente relacionados com a saúde física e espiritual.
Estatuetas, amuletos, vasos de preparação de unguentos ou de vísceras são outras das curiosidades que pode admirar neste particular museu.
Museu Arqueológico do Carmo
O Museu Arqueológico do Carmo, tal como o anterior, situa-se nas proximidades do Chiado.
Aqui somos surpreendidos pela existência de um sarcófago e respectiva múmia, infelizmente ambos muito deteriorados e dos quais se desconhece a origem.
Estudos realizados permitiram datar estas peças do final da Época Baixa ou início do período ptolomaico, ou seja entre os séculos VI e II a.C.
O museu merece a sua visita por diferentes motivos, mas a existência deste sarcófago constitui uma curiosidade insólita e inesperada.
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Casa-Museu Medeiros e Almeida
A Casa-Museu Medeiros e Almeida conserva no seu magnífico e eclético espólio, três chauabtis, estatuetas funerárias em faiança datadas entre os anos 380 e 343 a.C.
Esta discreta instituição oferece-nos singulares colecções que importa conhecer e divulgar: relógios, leques, joalharia, mobiliário, cerâmica… Visite e descubra um mundo que o vai surpreender!
Fomos assim ao encontro da arte do Antigo Egipto nos museus de Lisboa, espaços que nos permitem apreciar testemunhos desta fantástica civilização.
Como informação adicional não podemos deixar de referir duas curiosidades que vai querer saber…
Curiosidades:
O Leão do Museu Nacional de Arte Antiga
O Museu Nacional de Arte Antiga detém no seu espólio 12 peças oriundas do Antigo Egipto. Destaque para uma peça oferecida pelo coleccionador Calouste Gulbenkian: um leão deitado, esculpido em basalto que não exibe qualquer inscrição, mas que o tipo de polimento permite apontar para uma datação entre o final da Época Baixa e o início do período Ptolomaico. Este magnífico exemplar assim como as restantes peças não costumam estar expostas, razão pela qual não integrámos este museu no nosso roteiro.
A Colecção Egípcia do Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa
Também o Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa situado, na Rua das Portas de Santo Antão na zona da Baixa/Liberdade, possui uma colecção de antiguidades egípcias.
Esta é constituída por 97 peças das quais se destacam 5 sarcófagos antropomórficos e 88 estatuetas funerárias (chauabtis). A sua maioria foi oferecida a esta instituição pelo Museu de Gizé (actual Museu Egípcio do Cairo) em 1893.
Infelizmente este acervo não se encontra exposto ao público. Esperamos que em breve este se torne mais um dos locais que possamos incluir neste roteiro de arte do Antigo Egipto nos museus de Lisboa.
Relacionado com este tema, sugerimos a leitura dos seguintes artigos:
– A Egípcia do Jardim do Torel em Lisboa
– Sinais do Antigo Egipto em Lisboa
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