Pierre le Faguays, Danseuse au thyrse, c. 1925 - Berardo - Museu Arte Deco

Berardo – Museu Arte Deco, o Fascínio pelo Saber-Fazer

Hoje convidamo-lo a visitar o B-MAD, Berardo – Museu Arte Deco, uma imersão num mundo de beleza, saber-fazer e criatividade que nos transporta para as correntes estéticas dominantes durante a transição do séc. XIX para o séc. XX.

O Museu

Vista do interior do B-MAD
Vista do interior do B-MAD

O Berardo – Museu Arte Deco encontra-se instalado num edifício do séc. XVIII, construído após o terramoto de 1755, para residência de veraneio do Marquês de Abrantes.

Este imóvel situado em Alcântara, na Rua 1º de Maio, foi mais tarde morada do Dr. António Flores (1883-1957), médico neurologista, psiquiatra e professor, primeiro director do Hospital Júlio de Matos.

Nessa altura, o prestigiado médico promoveu uma transformação arquitectónica, assinada pelo arquitecto Raul Lino (1879-1974), que lhe acrescentou mais um piso, uma torre mirante e escadaria e na ruína da antiga capela, cresceu mais um edifício para rendimento da família Flores, hoje igualmente ocupado pelo Museu.

A bonita propriedade contava também com um pequeno jardim botânico nas traseiras que foi destruído para ali ser implantado um dos pilares da ponte sobre o Tejo. Entalada sob a grandiosa mas ruidosa ponte, perdeu atractivos e valor patrimonial. Esteve por isso abandonada largas décadas, mantendo-se apenas o rés-do-chão ocupado com algumas lojas.

Em 2016 o coleccionador José Berardo adquire o imóvel com intenção de aí instalar a sua colecção de peças de arte decorativa produzidas entre as últimas décadas do séc. XIX e as primeiras do séc. XX.

A intervenção no edifício procurou conservar a tipologia interior da qual se destacam as escadarias e os ricos trabalhos em estuque do tecto de algumas salas. As paredes foram pintadas com cores e forradas com papéis de parede, concordantes com os períodos em destaque, reforçando a experiência de imersão na Belle Époque e nos Loucos Anos 20.

A Colecção Berardo – Museu Arte Deco

Da coleção exposta no Berardo - Museu Arte Deco merecem destaque pequenas estatuetas que reproduzem ousadas bailarinas
Paul Philippe, The Tambourine Dancer, c. 1925 | George Gori, Danseuse, c. 1925 | Pavel Tereszczuk, Dançarina Oriental, c. 1925

A colecção exposta no B-MAD é constituída por peças de mobiliário, iluminação, escultura, pintura, desenhos…, assinados por alguns dos mais destacados artistas deste período.

Desta merecem destaque pequenas estatuetas que reproduzem ousadas bailarinas e, constituem uma curiosidade, as representações de três personalidades que alcançaram grande relevo na época.

Trata-se de Isadora Duncan (1877-1927) coreógrafa e bailarina norte americana precursora da dança moderna; Josephine Baker (1906-1975) célebre cantora e dançarina negra, também norte-americana naturalizada francesa; e a icónica actriz Marlene Dietrich (1901-1992) nascida alemã e naturalizada estadunidense.

Representações de Isadora Duncan, Josephine Baker e Marlene Dietrich; Colecção do Berardo - Museu Arte Deco
Farpi Vignoli, Bailarina (Isadora Duncan), 1937 | Franz Hagenauer, Josephine Baker, anos 30 | Bruno Zach, The Black Leather Suit, c. 1930 

Três Estéticas do Saber-Fazer

Prepare-se para conviver com representativos exemplares de três movimentos estéticos que marcaram a Europa e se espalharam por todo o mundo na transição do séc. XIX para o séc. XX e que comungam de um mesmo objectivo, o gosto e a prática do saber-fazer: Arts and Crafts, Arte Nova e Arte Deco.

Johann-Philipp Pizeiss, Bat Dancer, anos 20, Colecção do B-MAD
Johann-Philipp Pizeiss, Bat Dancer, anos 20

Arts and Crafts

Trata-se de um movimento inglês, da segunda metade do séc. XIX, que surgiu como reacção à feroz industrialização em curso. Teve como mentores John Ruskin (1819-1900) e William Morris (1834-1896) que defendiam o artesanato e o saber-fazer que, já então, se previa ameaçados pela mecanização e massificação crescentes.

A sua estética, que propunha como grande tema de inspiração a natureza e a valorização do grafismo de inspiração japonesa, seria o ponto de partida para o surgimento do movimento Arte Nova e o desenvolvimento do design no séc. XX.

Arte Nova

Pormenor da mesa Aux Nénuphars, de Louis Majorelle, c. 1900, Colecção do B-MAD
Pormenor da mesa Aux Nénuphars, de Louis Majorelle, c. 1900

Esta corrente estética internacional, celebrizada por diversas designações em função do local de desenvolvimento (Art Nouveau, Jugendstil, Style Moderne, Lo Stile Liberty ou Stile Floreale, Nieuwe Kunst…), consistiu numa explosão de criatividade que marcou a Europa na última década de novecentos e os primeiros anos da centúria seguinte.

Foi a marca de modernidade presente na decoração das novas lojas e armazéns, cafés, restaurantes e novas construções das grandes capitais europeias e de outras cidades mais pequenas em crescimento.

Um estilo com particularidades locais mas que, em geral, teve em comum cinco principais características: o gosto pelas formas orgânicas contracurvadas; a inspiração em motivos vegetalistas e florais; a figura e o universo femininos; a conjugação de diferentes materiais na constituição de uma peça; e a presença de assinaturas de autor.

Arte Deco

Alfred Boucher, Au But, 1910, Colecção do B-MAD
Alfred Boucher, Au But, 1910

Segue-se o movimento Arte Deco que se inicia pouco antes do primeiro grande conflito mundial, mas que terá o seu pleno desenvolvimento nos anos subsequentes, marcando de forma inequívoca as décadas de 20 e 30 do séc. XX.

São anos que se concentram no fascínio pela velocidade, pelo consumo desenfreado, pela ânsia em conhecer e viver todo o tipo de experiências radicais.

O gosto pelo luxo, pelos materiais ricos e exóticos, pela exuberância contida na geometria, atinge o auge com este movimento que marca o período entre as duas destrutivas guerras.

A sua estética, como surge em oposição à anterior, transforma as linhas curvas em rectas; as flores dão lugar a padrões geométricos; a mulher coquette feminina de longos cabelos revoltos emancipa-se, adoptando o corte à la garçonne, veste calças e fuma em público…



Artistas Representados no Berardo – Museu Arte Deco

No Berardo – Museu Arte Deco podem ser apreciadas obras de artistas de várias origens tão diversos quanto extraordinários como: Émile Gallé (1846- 1904), Louis Tiffany (1848-1933), René Lalique (1860-1945), Camille Fauré (1874–1956), Pablo Picasso (1881-1973), March Zach (1891-1945), entre tantos outros.

Destaque no que respeita ao mobiliário Arte Deco para Eillen Gray (1878-1976), Jacques-Émile Ruhlmann (1879- 1933), Jean-Michel Frank (1895-1941), Alfred Porteneuve (1896-1949), Jules Leleu (1883-1961), Jacques Adnet (1900-1984)…

Mas também estão representados artistas plásticos nacionais como Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Canto da Maia (1890-1981), assim como desenhos e objectos em prata da Antiga Ourivesaria Reis e Filhos do Porto e desenhos do projecto da Casa de Serralves da mesma cidade.

Objectos decorativos, Colecção do B-MAD
Jarras: Charles Catteau, c.1925; Jean Mayodon, c.1925; Boch Fréres Keramis, 1920; Camille Fauré, Anos 20; Amphora Werke Reissner, 1930; Faianças de Longwy, Anos 20; Prato com Pés, Paul Milet, c.1930 | Jarra e Azulejos, Rafael Bordalo Pinheiro, últimas décadas do séc. XIX
Reconstituição de ambientes Arte Deco, Colecção do B-MAD
Quadro, atribuído a Paul Etienne Sain & Henri-Tambutte, Diana a deusa da Caça, Anos 30; Armário e cobertura p/radiador, no estilo de Paul Kiss, c.1935; Par de candeeiros de chão, Murano, Anos 40 | Candeeiro, Friedrich Goldscheider, Sísifo, c.1925; Armário de canto, no estilo de Emile-Jacques Ruhlmann, c.1930; Sofá, cadeiras e mesa, Paul Follot, 1920/25
Estatuetas Arte Deco, Colecção do B-MAD
Pierre Le Faguays, Menina segurando Fantoches, Anos 30 | Bruno Zach, Messilla Debonaire, Anos 20
Candeeiros, Colecção do B-MAD
Aplique de parede, Louis Majorelle, c. 1900 | Candeeiro de teto, François-Théodore Legras, c. 1900 | Candeeiro de Mesa, Daum Fréres, Anos 1920 | Luminária Pavão, Muller Fréres & Chapelle, Anos 20; Espelho de Parede, Marcel Kammerer, c.1930

A visita ao Berardo – Museu Arte Deco encerra com uma prova de vinhos no acolhedor jardim da casa. Ali podem-se apreciar dois candeeiros de rua da autoria de Hector Guimard (1867-1942) que ladeiam uma escultura de ferro fundido igualmente de origem francesa.

Uma experiência sem legendas, em visita guiada, que apela à pura fruição da arte pela arte.

Recomenda-se o seu agendamento antecipado, por uma questão de segurança e conforto.

Pode e deve complementar a sua visita, fazendo previamente o download do catálogo publicado por ocasião da exposição Art Déco – Colecção Berardo, What a Wonderful World!, no Centro das Artes Casa das Mudas, disponível no site do museu.

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