Rótulo da Ginjinha Alfacinha

Ginjinha, a Bebida Típica de Lisboa

Nos meses de Maio e Junho, tempo das cerejas e das suas parentes ácidas, as ginjas, lembrámo-nos de lhe falar da Ginjinha, a típica bebida alfacinha.

Em Lisboa existem estabelecimentos especializados na produção e venda deste apreciado licor, tendo o mais antigo cerca de 180 anos de história.

Esta tradição está longe de ter os dias contados e tem vindo a ser cada vez mais valorizada. Por isso, vamos imergir nesta bebida doce, de rótulos atractivos, que inebria o centro da cidade em peculiares lojas históricas.

Vai uma Ginjinha?… Com ou sem elas?

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Ginjinha, o Licor de Ginja

A Ginjinha é servida em pequenos copos, com ou sem elas
A Ginjinha é servida em pequenos copos, com ou sem elas

Os licores são bebidas alcoólicas doces que na sua composição contam com aguardente, açúcar e frutos, plantas ou ervas que lhe dão o sabor e especificidade.

A sua origem remonta ao séc. XIII e era produzida para fins medicinais pois conjugava o álcool, poderoso antisséptico, com as propriedades das ervas. Com o tempo tornou-se simplesmente uma bebida espirituosa, apesar de se considerar que, consumida após a refeição, tem propriedades que ajudam à digestão.

Os licores foram muito populares no séc. XIX, sendo inclusive uma bebida apreciada por senhoras por ser doce e pouco forte.

Rótulos antigos de ginjinhas. Imagens gentilmente cedidas pelo coleccionador Luís Bayó Veiga

A ginja é uma cereja ácida, de cor que varia entre o vermelho e o preto, geralmente utilizada para fins culinários, bolos, compotas, recheios de chocolates e, claro, licores.

A Ginjinha é o licor que se obtém da união deste fruto com açúcar, aguardente e especiarias, geralmente canela.

É servido em pequenos copos de vidro, com ou sem elas. Ou seja, com ou sem ginjas.

Receita

  • A sua preparação aconselha que após lavadas as ginjas sejam secas e só depois retirados os pés;
  • Seguidamente devem ser colocadas num frasco ou garrafa de gargalo largo até 1/3 da sua capacidade;
  • Em seguida, cobrem-se os frutos com açúcar, preferencialmente branco e acrescenta-se um pau de canela. Deixa-se repousar um dia;
  • Nessa altura acaba de se encher o recipiente com aguardente, tapa-se e durante pelo menos uma semana abana-se a garrafa para ajudar o açúcar a dissolver;
  • Depois, deixe repousar num local escuro durante alguns meses, preferencialmente, 1 ano.

O mais fácil será comprar uma Ginjinha engarrafada, o difícil pode ser escolher! Todos os estabelecimentos de que lhe vamos falar, para além de a servir a copo, possuem o doce licor engarrafado em atractivas garrafas, rotuladas com apelativas imagens tradicionais. 



As Ginjinhas da Baixa

Na Baixa de Lisboa, nas proximidades do Rossio, existem quatro estabelecimentos especializados em Ginjinha.

Uma das suas características é estarem instaladas em espaços exíguos, apenas equipadas com um pequeno balcão, o que leva os clientes a fazerem o consumo fora do estabelecimento, animando a rua com os seus brindes.

Vamos conhecê-las!

A Ginjinha – Espinheira

Ginjinha Espinheira há 180 anos no Largo de São Domingos
A Ginjinha – Espinheira há 180 anos no Largo de São Domingos

Esta é a mais antiga Ginjinha de Lisboa. Foi fundada em 1840 por um galego, Francisco Espinheira, e o negócio mantém-se na mesma família há cinco gerações. Encontra-se desde então no Largo de São Domingos.

Em tempos esta Ginjinha foi produzida na Rua Damasceno Monteiro, mas hoje tem lugar nos arredores de Lisboa em Arruda dos Vinhos, uma região famosa pela sua produção vinícola. 

Dentro do estabelecimento é feita referência aos inúmeros prémios, entre eles as Medalhas de Ouro obtidas na Exposição Internacional do Rio de Janeiro em 1923 e em Macau em 1926. Mas, o mais fascinante, são as antigas pinturas em vidro, de gosto Belle Époque, com dizeres que apelam à qualidade e consumo do licor.

Para além da venda de tabaco e outras bebidas, aqui é comercializado Capilé Espinheira, uma bebida muito antiga, feita à base de xarope de avenca, que era muito apreciada pelos portugueses, mas que havia caído em desuso e que ultimamente tem vindo a ser recuperada.

Ginja Sem Rival

A Ginja Sem Rival fundada em 1890, Rua das Portas de Santo Antão
A Ginja Sem Rival fundada em 1890, Rua das Portas de Santo Antão

Fundada em 1890 por João Lourenço Cima, tal como a anterior, permanece ainda hoje na mesma família. Situa-se, desde a sua origem, no início da Rua das Portas de Santo Antão, junto ao Largo de São Domingos.

Trata-se de uma verdadeira resistente e compreenderá porquê se lhe dissermos que o edifício onde se encontra, e que pertenceu ao icónico actor Vasco Santana, foi há poucos anos totalmente reconstruído, mantendo-se apenas em pé, durante as obras, a fachada e o famoso estabelecimento de venda de Ginjinha.

Ao contrário da anterior, aqui não são exibidos prémios, esta marca assenta na máxima: Esta casa nunca concorreu a nenhuma exposição nacional nem estrangeira, tomando assim uma atitude de confiança na sua qualidade que dispensa provas.

Tão famoso quanto a Ginjinha da Sem Rival é o Eduardino, um licor que resulta da infusão de plantas e caramelo, inspirado nas misturas que Eduardo, um palhaço que trabalhava no Coliseu dos Recreios, gostava de fazer. Em sua homenagem foi criado este licor, genuinamente lisboeta, com marca patenteada em 1908, que continua a ser produzido em exclusivo por este estabelecimento, ao que dizem com boas propriedades para o tratamento da tosse.

Ginjinha Rubi

A Ginjinha Rubi está aberta desde 1931 na Rua Barros Queirós
A Ginjinha Rubi está aberta desde 1931 na Rua Barros Queirós

Aberta desde 1931 na Rua Barros Queirós, mais uma vez junto à Igreja de São Domingos, esta casa de Ginjinha apesar de mais recente não é menos típica. Distingue-se por garantir que o seu licor é produzido com as melhores ginjas de Óbidos, a região do Oeste famosa, entre outros atractivos, pela produção de ginjinha onde é servida em copinhos de chocolate.

Neste espaço destacam-se os painéis de azulejos, azuis e brancos recortados, de gosto revivalista joanino. Nas molduras de volutas e concheados, o deus Baco de expressão irónica, com a cabeça coroada de ginjas, espreita cenas historiadas onde se observam camponeses na apanha do precioso fruto e produtores e frades que degustam o famoso licor de ginja.

Aqui é oferecida maior variedade de bebidas e também se pode comer, o que não se verifica nas anteriores. 

Ginginha do Carmo

Ginginha do Carmo, inaugurada em 2011 na Calçada do Carmo
Ginginha do Carmo, inaugurada em 2011 na Calçada do Carmo
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Esta casa, inaugurada em 2011, encontra-se instalada no vão de uma escada nas proximidades da Estação de Comboios do Rossio, na Calçada do Carmo. Neste mesmo local existiu outrora a “Ginginha”, uma casa de venda de tabacos e bebidas (ginjinha, vinhos e refrescos) que, com origem em meados dos anos 30, funcionou até ao final dos anos 60. Foi depois um posto de venda de jogo e, ultimamente, após quase dez anos devoluto, o espaço voltou a abrir retomando a velha tradição.

A Ginginha do Carmo conta já com um outro ponto de venda, muito interessante, que resultou de uma parceria entre esta marca, a Junta de Freguesia de Belém e o clube de futebol Os Belenenses.

Trata-se do Quiosque Belém, equipado com esplanada, situado na Rua Vieira Portuense, bem perto dos afamados pastéis de Belém, no lugar onde a Charanga da GNR actua após o Render Solene da Guarda.

Este novo projecto e a proliferação de postos de venda ambulante e informais que se vêem pelas zonas turísticas da cidade, provam que a tradição está para durar e que os Lisboetas continuam a apreciar uma Ginjinha e gostam de receber quem os visita, com um copinho deste generoso licor.

Experimente… vai ver que lhe cai que nem ginjas!


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