Na getLISBON convida de hoje, a historiadora Bárbara Bruno conduz-nos aos 5 núcleos do Museu da Água. Uma instituição que reúne um património incontornável desta cidade e que convida a uma reflexão sobre a sustentabilidade do ambiente e o valor deste bem essencial que é a água. Vamos então mergulhar em Lisboa!
A água é um elemento indispensável à formação das cidades e o seu impacto na evolução das mesmas ao longo dos séculos, é evidente. Em Lisboa, a história do abastecimento de água confirma esta premissa e a tecnologia que foi sendo empregada ao longo dos séculos, na sua conquista, continua a fazer parte do quotidiano da cidade, lembrando em cada bica, cisterna, praça ou chafariz, que o património hidráulico é uma razão para visitar Lisboa.
Qualquer descrição da cidade ficaria incompleta sem referir um dos seus ex-libris, o Aqueduto das Águas Livres. Este, é um dos mais importantes exemplos da arquitetura hidráulica em Portugal, tal como o é, o seu imponente Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras ou as suas misteriosas galerias subterrâneas que podemos percorrer entre o Rato e o Bairro Alto. Impossível de ignorar é também, a grandiosa máquina a vapor da Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos que, da zona de Santa Engrácia, a partir do século XIX, abasteceu de água a cidade de Lisboa.
Estas são as razões pelas quais deve “mergulhar” em Lisboa e conhecer a sua história, desfrutando destas estruturas centenárias e destes percursos inesquecíveis.
Polinucleado, e com uma forte presença em Lisboa, o Museu da Água tem sob a sua responsabilidade um património cultural, industrial e histórico que espelha épocas distintas da cidade, representando uma parte substancial da sua história, e uma mensagem ambiental e de sustentabilidade que apela ao valor da água.
Percorrer o monumental Aqueduto das Águas Livres, desfrutar da vista panorâmica no terraço do Reservatório da Mãe d‘Água das Amoreiras, descer ao misterioso Reservatório da Patriarcal, percorrer a secreta Galeria Subterrânea do Loreto e, por último, experimentar a máquina a vapor da Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, são as cinco propostas do Museu da Água que não deve perder!
Aqueduto das Águas Livres
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Ex-libris da capital, a travessia do Vale de Alcântara, visitável quer no interior, quer no exterior, ao longo de 941 metros, com arcadas que atingem a altura máxima de 65 metros, possui uma vista privilegiada sobre Lisboa.
É também em torno desta travessia que desde sempre se estendeu o “véu de mistério” em torno de alguns feitos particularmente escabrosos de um personagem do século XIX chamado Diogo Alves.
Construído entre 1731 e 1799, o Aqueduto das Águas Livres, constitui um vasto sistema de captação e transporte de água, por via gravítica, num total de 58 km de canalizações existentes entre as nascentes, localizadas a cerca de 15 km, a noroeste de Lisboa, e os chafarizes da capital.
Classificado como Monumento Nacional desde 1910. Inscrito na lista indicativa a Património Mundial da UNESCO desde 2016.
Horário de abertura ao público: Terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 17h30. Encerra segunda-feira e feriados.
Visitas guiadas ao público em geral: Marcação obrigatória: Telefone: +351 218 100 215 | Email: [email protected]
Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras
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Este reservatório, projetado em 1746, pelo arquiteto húngaro Carlos Mardel, foi construído para receber e distribuir as águas transportadas pelo Aqueduto das Águas Livres.
O seu interior é um precioso esconderijo na cidade onde a atmosfera emana da conjugação da presença da água, do jogo de volumes proporcionados pelas colunas, tanque e cascata e pela iluminação natural do espaço proporcionada pelos imensos janelões laterais.
No topo é possível aceder ao terraço panorâmico sobre a cidade e observar uma vista de Lisboa a 360o.
O Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras é parte integrante do Aqueduto das Águas Livres e está classificado, desde 1910, como Monumento Nacional e inscrito na lista indicativa a Património Mundial da UNESCO desde 2016.
Horário de abertura ao público: Terça-feira e quarta-feira: 10h00 – 17h30 (encerra para almoço: 13h30 – 14h30); Quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo: 10h00 – 13h30. Encerra segunda-feira e feriados.
*este horário pode ser alterado de acordo com os espetáculos imersivos em exibição no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Reservatório da Patriarcal
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Quem atravessar o Jardim do Príncipe Real e, junto ao lago, optar por descer as escadas que aí se encontram, vai descobrir no subsolo o Reservatório da Patriarcal, cuja construção foi concluída em 1864.
Foi um dos primeiros reservatórios da rede de distribuição de água de Lisboa (1856), tendo sido inicialmente abastecido pelo Aqueduto das Águas Livres e, a partir de 1890, pelas águas do Aqueduto do Alviela. Apresenta uma forma octogonal, coincidente com o desenho do lago que se encontra no topo.
Visitas guiadas com marcação obrigatória: Telefone: +351 218 100 215 ou e-mail: [email protected]
Galeria Subterrânea do Loreto
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Com acesso pelo Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras ou pelo Reservatório da Patriarcal, a Galeria subterrânea do Loreto, que os mais novos certamente identificarão como sendo uma passagem secreta, teve o início da sua construção em 1747 e compreende uma extensão total de 2.835 metros.
O percurso visitável, com cerca de 1 km, inicia-se misteriosamente a meia-luz, no túnel subterrâneo, e termina de forma iluminada na zona do Príncipe Real ou no Miradouro de São Pedro de Alcântara.
Esta galeria fazia parte do sistema de distribuição de água dirigido a importantes chafarizes de Lisboa entre os quais o chafariz de São Pedro de Alcântara, o chafariz do Carmo, o chafariz do Século ou o chafariz da Praça da Alegria. O traçado total desta galeria desce a Rua das Amoreiras, passa pelo Largo do Rato, atravessa a Rua da Escola Politécnica, desce a Rua Dom Pedro V e a Rua da Misericórdia e, finalmente, termina no Largo de São Carlos.
Visitas guiadas (Percursos):
- Casa do Registo (Mãe d’Água das Amoreiras) – Miradouro de São Pedro de Alcântara;
- Casa do Registo (Mãe d’Água das Amoreiras) – Reservatório da Patriarcal (Jardim do Príncipe Real);
- Reservatório da Patriarcal (Jardim do Príncipe Real) – Miradouro de São Pedro de Alcântara.
Marcação obrigatória: Telefone: +351 218 100 215 ou email: [email protected]
Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos
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Na cerca de um extinto convento Franciscano, ocupado entre 1747 e 1834, pela ordem religiosa dos Barbadinhos Italianos, foi instalada a Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, destinada a bombear água do aqueduto do Alviela para a cidade.
O edifício da estação elevatória, em funcionamento entre 1880 e 1928, era composto por três corpos: o depósito de carvão, a zona das caldeiras e a zona das máquinas a vapor.
Em 1950, o edifício foi remodelado para acolher, entre outros, a sede do Museu da Água. Embora as caldeiras e a chaminé tenham sido demolidas, preservaram-se as máquinas a vapor e as respetivas bombas de aspiração e compressão do fabricante francês E. Windsor & Fils, como parte principal do património do Museu da Água e testemunho enriquecedor da arqueologia industrial. É uma destas máquinas que ainda podemos ver hoje em funcionamento.
Em 2010 foi classificado como Conjunto de Interesse Público.
No seu interior encontra-se a exposição de longa duração do Museu da Água, onde a temática da água é abordada de forma interdisciplinar, cruzando a história, a ciência, a tecnologia e a sustentabilidade.
Horário de abertura ao público: Terça a domingo das 10h00 às 17h30. Encerra segunda-feira e feriados.
Visite o Museu da Água Virtualmente
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Para todos os que não podem sair de casa, o Museu da Água está aberto on-line 24 horas por dia. Poderá mergulhar nas experiências, a qualquer hora do dia, através das visitas virtuais, que foram desenhadas para dar uma visão 360o de cada um dos edifícios e levar os visitantes a ter uma visão panorâmica destes locais emblemáticos da história da água na cidade.
Aqueduto das Águas Livres
Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras
Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos
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Também existe a possibilidade de assistir às visitas guiadas, documentários ou entrevistas no canal Youtube.
O Museu da Água dispõe de duas aplicações multimédia para o ajudar nas suas experiências:
- “Your Podcast Museum”: aplicação ios e android que permite descarregar o audioguia referente ao local da visita;
- “myEyes”: aplicação destinada a pessoas com deficiência visual, que permite ao visitante deslocar-se nos espaços do Museu da Água de forma autónoma e informada.
E de uma App, com toda a informação atualizada:
- “Museu da Água” – a App do Museu da Água que permite ao visitante, não só aceder a toda a programação atualizada e informações gerais, como também “mergulhar” em experiências de realidade aumentada.
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Créditos fotográficos, Hugo David, 2021
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Bárbara Bruno
Técnica Superior do Museu da Água desde 1998. Licenciada em História, Mestre em Estudos do Património e Doutoranda em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Vice-Presidente da APAI – Associação Portuguesa do Património Industrial, investigadora associada do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.