Em Lisboa em Nós de Bruno Vieira, este arquitecto, de Torres Vedras, transporta-nos, através das suas memórias, até às várias “cidades” que Lisboa encerra.

Lisboa em Nós de Bruno Vieira

Hoje apresentamos mais um dos nossos convidados especiais, os urban sketchers que participam na ilustração do LISBOA MARCA, um livro de marcadores destacáveis. Em Lisboa em Nós de Bruno Vieira, este arquitecto, de Torres Vedras, transporta-nos, através das suas memórias, até às várias “cidades” que Lisboa encerra.

A cidade de Lisboa, para mim, nasce do namoro de várias cidades, definidas por mosaicos de bairros costurados por artérias e jardins.  As minhas faces favoritas de Lisboa são as “cidades” do rio, especialmente, a “cidade” de Alcântara e Ajuda, e a “cidade” da Baixa e das colinas envolventes.

Alcântara lembra-me do tempo que lá vivi, do bairro de Santo Amaro, das vistas sobre o rio a partir de janelas nas traseiras, as gaivotas sempre presentes e o rio já ali, os cheiros, as neblinas, a ponte, os seus massivos pilares e o cristo ao fundo. É marcada pelo ruído da ponte que nunca dorme, o zumbido metálico dos carros dia e noite, o comboio que passa no alto e os vagões parados na linha, os aviões a chegar soltando as rodas, preparando-se para a aterragem, os cruzeiros a chegar e a partir, com imensa gente acenando adeus.

Quando conheci Alcântara, existiam pequenas lojas de todos os ramos, muitos negócios locais, muitas pastelarias, oficinas, mercearias, carpintarias, modas, sapatarias, armazéns, fábricas, etc. Aos poucos tudo foi mudando, perdeu-se parte do ambiente do comércio tradicional, mas ganhou-se uma presença mais multicultural e algum turismo. 

Da transformação urbana, lembro-me da mudança da antiga FIL e dos vários empreendimentos, principalmente residenciais, que ocuparam áreas obsoletas, em parte fabris, foi também interessante ver o crescimento e impacto da âncora de energia criativa e turística, LxFactory, os fins de semana de ruas vazias passaram a estar cheios de carros e de gente.

Outra face de Lisboa que por vezes namoro é a “cidade” da Baixa e das colinas envolventes, com os labirintos de ruas irregulares em redor do Castelo de São Jorge, o borbulhar de vida, de pessoas e comércio, na Baixa e no Chiado, as vistas desafogadas depois de atravessar becos e escadarias, os espaços de lazer junto ao rio e a riqueza do tecido urbano, da arquitetura e da ocupação humana por descobrir.

Nos últimos anos o turismo saturou as ruas de gente e ruído sensorial, alterou imenso a identidade da cidade de Lisboa nos pontos mais turísticos, como na Baixa e no Chiado. Veio mostrar como tanto precisa de ser pensado, regulamentado ou adaptado, a nível de transportes turísticos, de ruído exterior em eventos e estabelecimentos, obstáculos à mobilidade pedonal presentes no espaço público e problemas urbanos, como a necessidade de habitação e de um turismo sustentável.

Das memórias sensoriais mais interessantes que tenho da Baixa, é a de ouvir música clássica na praça do comércio, enquanto o elétrico não chega, era tarde e existia uma luz projetada sobre as fachadas que mudava lentamente de cor, não era um concerto ou evento de videomapping, era apenas música e cor clássica por momentos, entre o caos do tempo. 

Lisboa é uma cidade cheia de substâncias monumentais, palácios, igrejas, lojas, grupos, bancos, infraestruturas, jardins, mas a sua riqueza, está em grande parte escondida nos detalhes, para descobrir, divagar, fotografar, explorar cantos, recantos e pessoas nos seus negócios locais. É uma cidade repleta de museus, conhecimento e cultura, néctar que me atrai sempre a lá voltar.

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Lisboa em Nós de Bruno Vieira
Mini apresentaçãoNasci em Torres Vedras em 1978, vivi e trabalhei em Lisboa durante 10 anos, sou arquiteto, actualmente, trabalho em Torres Vedras, no apoio à reabilitação urbana, valorização e salvaguarda do património cultural.
O meu interesse pelas artes visuais reflete-se nas várias exposições e residências artísticas em que participei, na ilustração, destaco os trabalhos presentes no Centro de Interpretação da Comunidade Judaica de Torres Vedras e a colaboração com a editora Vírgula de Interrogação no livro Camões.
Faço parte da administração do grupo Oeste Sketchers, integrado nos Urban Sketchers Portugal, promovendo a prática do desenho in situ.

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