O regresso dos golfinhos ao estuário do Tejo tem despertado a atenção dos lisboetas e dos seus visitantes. Este feliz acontecimento inspirou-nos a ideia de os procurar pela cidade. Encontrámos formas de os observar ao vivo, bem como várias representações de golfinhos em Lisboa. A sua observação directa constitui uma experiência única e as referências artísticas descobertas são surpreendentes, mas o que verdadeiramente nos sensibilizou foram as mensagens por elas transmitidas.
Golfinhos e o Estuário do Tejo
Os recentes avistamentos desta espécie carismática no estuário do Tejo suscitam entusiasmo e também têm vindo a consciencializar a sociedade sobre a necessidade de questionar, estudar e reflectir sobre os diversos aspectos relacionados com esta temática.
Sabe-se, através de referências com mais de dois séculos, que a presença de golfinhos já se verificava neste estuário, graças a um ecossistema rico em alimentos para estes mamíferos.
Contudo, a partir dos anos 60 do séc. XX foi-se assistindo ao seu gradual desaparecimento, fenómeno directamente associado à poluição do rio e à sobrepesca.
O seu ressurgimento ocorreu durante a mudança de século, coincidindo com a implementação de um conjunto de medidas, como o tratamento das águas residuais e a redução de indústrias poluentes. Este processo permitiu inverter parcialmente a degradação ambiental, trazendo de volta uma maior abundância de peixes e a recuperação dos seus habitats.
O relatório da Associação Natureza Portugal/WWF de Outubro de 2022, revelou que são necessários mais estudos para aprofundar os conhecimentos sobre a relação dos golfinhos com o nosso estuário. Contudo, aponta a existência de alimentos como um dos principais factores para o seu reaparecimento.
Neste sentido, é indispensável o contínuo esforço conjunto de todos para manter o ainda frágil ecossistema saudável, de forma a oferecer condições favoráveis aos cetáceos que nos visitam.
Como sugere o relatório, estes simpáticos mamíferos podem desempenhar um papel fundamental como imagem de mobilização e reflexo da saúde do rio:
- “os golfinhos podem actuar como espécies-bandeira no estuário do Tejo mobilizando o envolvimento de diferentes parceiros para iniciativas que promovam a melhoria das condições ambientais na região.”;
- “Os golfinhos podem ainda actuar como espécies-sentinela relativamente à saúde do estuário, pois a sua presença/ausência e comportamentos reflectem a qualidade ambiental do mesmo.”.
Nesta mesma perspectiva, entendemos que outras formas de presença de golfinhos em Lisboa, podem igualmente contribuir para a promoção da preservação do meio marinho.
Golfinhos em Lisboa
Para encontrarmos golfinhos em Lisboa, navegámos no rio e percorremos a cidade, onde identificámos sete manifestações diferentes mas com uma mensagem em comum.
Passeios de Barco para Observação de Golfinhos

Em Lisboa existem várias operadoras marítimo-turísticas que oferecem passeios de barco destinados à observação de golfinhos.
As duas espécies que, normalmente, podem ser avistadas são: o golfinho-comum e o golfinho-roaz. Aparecem a nadar a grandes velocidades, a saltar ou ainda acompanhados das suas graciosas crias. Quando se aproximam das embarcações estes momentos tornam-se verdadeiramente impressionantes.
Para além destes, também existe a possibilidade de avistamento do boto, igualmente da família dos cetáceos. A presença de uma diversidade de aves marinhas compõe esta experiência inesquecível.
O estuário é hoje também um local de nascimentos que inclusive puderam já ser filmados, momentos magníficos bastante raros de observar.
O briefing feito por um especialista, antes e depois do tour, assim como o seu acompanhamento durante a viagem, proporcionam aos participantes informações sobre as espécies, bem como, as boas práticas para minimizar a perturbação destes animais durante a nossa aproximação.
As operadoras para além de participarem na monitorização das populações de golfinhos, também actuam em situações de perigo como o de arrojamento dos mesmos.
Estes passeios são sem dúvida uma experiência emocionante quando a sorte nos permite a sua observação, e dependendo da época do ano o vislumbramento da baleia-comum faz com que sejam mesmo imperdíveis.
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Baía dos Golfinhos no Zoo de Lisboa

Uma das principais atracções do Jardim Zoológico de Lisboa é o espectáculo de acrobacias dos golfinhos que, em colaboração com os seus treinadores, fazem a alegria de crianças e adultos.
A mensagem da necessidade da conservação da biodiversidade marinha e da valorização dos oceanos é veiculada nestas apresentações. Assim como, o apelo à mudança de atitudes devido à crescente ameaça dos oceanos provocada pelo lixo marinho.
Contudo, estas exibições são cada vez mais postas em causa, uma vez que estes animais de grande sensibilidade são mantidos em cativeiro, sujeitos a stress, confinados em tanques que não dispõem de ambientes próximos dos seus habitats naturais e demasiadamente pequenos para o seu tamanho, entre muitos outros aspectos.
Há cada vez uma maior consciencialização sobre esta questão, mas estes animais em cativeiro não estão preparados para serem libertados na natureza. Será um processo longo, de construção de santuários para que possam ser colocados em ambiente natural com a devida protecção.

Golfinhos nos Pilares da Ponte de 25 de Abril

Golfinhos, orcas, cachalotes e aves marinhas foram pintados nas sapatas dos pilares da Ponte 25 de Abril aquando das obras de conservação das mesmas em 2012.
A ideia desta iniciativa, da então Estradas de Portugal, surgiu com o regresso do avistamento de golfinhos no Tejo e visou sensibilizar a população para as questões ambientais.
Os mamíferos representados são habitantes das águas territoriais portuguesas e as aves, como o flamingo, o alfaiate e o maçarico, residentes do estuário do Tejo.
Golfinho em Tampa de Saneamento

Na Doca de Santo Amaro, existe uma tampa de saneamento que exibe a Ponte 25 de Abril e um golfinho. Esta intervenção faz parte de uma colecção de 12 desenhos, do artista plástico Gilberto Gaspar, que representam locais e monumentos emblemáticos de Lisboa, gravados em caixas de visita permanentes. Parque das Nações, Torre de Belém, Terreiro do Paço, Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos, Sé, Castelo de São Jorge, Rossio, Restauradores, Marquês de Pombal e Campo Pequeno completam o conjunto.
Este projecto, intitulado “Há Art no Esgoto”, foi lançado em 2021, no dia 19 de Novembro, Dia Mundial do Saneamento, pela Águas do Tejo Atlântico, entidade responsável pelo saneamento de águas residuais na Grande Lisboa e Oeste.
O objectivo foi trazer o olhar do público para planos visuais pouco explorados, como é o caso dos pavimentos da cidade e ao mesmo tempo chamar a atenção para a importância do tratamento de águas residuais para a saúde pública e para o ambiente.
Leia o nosso artigo “Design em Tampas de Infra-Estruturas de Lisboa” que visa igualmente as caixas de visita permanentes, um pormenor na paisagem urbana que tantas vezes nos passa despercebido.
Mural “Rio Tejo”

No jardim da Biblioteca de Alcântara encontra-se um grande mural, realizado em 2021, onde estão representados dois golfinhos-comuns sobre um fundo ilustrado com recortes de jornais que noticiam o regresso destes cetáceos ao Tejo.
A mensagem é clara, sensibilizar a população e as entidades para a necessidade de os proteger.
Esta é uma obra de EDIS One, artista urbano, embaixador da WWF Portugal, que se tem empenhado em projectos que alertam para a importância da preservação de animais ameaçados ou em vias de extinção.
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“O Golfinho do Tejo”

“O Golfinho do Tejo”, feito de lixo recolhido na praia e redes de pesca, é uma obra de arte criada em 2022 pelo colectivo Skeleton Sea. Este projecto, liderado por Xandi, nasceu com o objectivo de alertar, através de trabalhos artísticos construídos com resíduos resgatados das praias e do mar, para a emergência global da poluição marítima.
Esta escultura pode ser vista no Mercedes-Benz Oceanic Lounge, na Doca de Santo Amaro, de onde partem os passeios para a observação de golfinhos realizados por uma operadora marítimo-turística que, em parceria com várias entidades entre as quais o Oceanário de Lisboa, promovem através de actividades diversas a preservação da vida marinha.


Golfinho em Calçada Portuguesa

Não nos surgiu nenhuma representação de golfinhos em Lisboa aquando da pesquisa para a elaboração do artigo Animais e Seres Fantásticos na Calçada Portuguesa de Lisboa. No entanto, identificámos estes graciosos mamíferos em Cacilhas, localidade que partilha estreitamente com Lisboa as vivências do Tejo, a responsabilidade da preservação do estuário e a protecção dos cetáceos em questão.
Esperamos que este artigo tenha contribuído para chamar a atenção para este tema. Acreditamos que mais representações artísticas de golfinhos em Lisboa irão, certamente, mobilizar a população e os parceiros para a preservação e melhoria das condições marinhas da maior zona húmida do país e uma das mais importantes da Europa: o estuário do Tejo.
O projecto getLISBON tem sido muito gratificante. Queremos continuar a revelar singularidades da apaixonante cidade de Lisboa.
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