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Com este artigo pretendemos despertá-lo para um olhar mais curioso sobre a calçada. Vamos visitar locais onde podem ser vistos animais e seres fantásticos na calçada portuguesa de Lisboa.
Pelos passeios e praças desta cidade é possível encontrar uma grande variedade de motivos e padrões: figuras geométricas, elementos vegetalistas ou arquitectónicos, objectos, lettering, marcas comerciais…, e também representações de pequenos e grandes seres fantasiosos ou não.
Onde se Encontram os Animais e Seres Fantásticos na Calçada Portuguesa de Lisboa?
Reunimos mais de dez exemplos em várias zonas de Lisboa, mas há um que está presente um pouco por toda a parte.
Encontrámos diversas representações de criaturas: personagem de desenhos animados, insectos de grande beleza como borboletas, pássaros, animais domésticos e de estimação e ainda um pequeno roedor.
Verificámos que a técnica de calcetamento aplicada nos exemplares mais antigos é notoriamente meticulosa e revela grande domínio desta arte.
Vamos apresentar-lhe estes curiosos seres iniciando o nosso percurso na zona oriental, passando depois pela área das Avenidas Novas e pelo centro de Lisboa, terminando na zona ocidental.
Parque das Nações
Em Surpreendente Calçada Portuguesa do Parque das Nações mostrámos-lhe as obras de seis artistas portugueses, criadas para a Exposição Mundial de 98.
Pedro Proença é o autor de uma série de animais e seres fantásticos em calçada portuguesa que podemos encontrar junto ao Oceanário de Lisboa. Identificámos serpentes, peixes, elefantes-marinhos, estrelas-do-mar, moluscos… que nos remetem às criaturas marinhas das cartas de marear medievais e renascentistas.
No mesmo recinto, ao longo do Caminho de Água, está presente um conjunto de intervenções de Rigo. Deste destacamos uma gaivota e um ser aquático que nos faz lembrar peixes da família dos linguados.
Rua Lopes de Mendonça
Falámos-lhe desta rua em As Cores da Calçada Portuguesa de Lisboa, onde destacámos as particularidades dos seus magníficos desenhos, tanto a nível técnico como criativo.
Aqui entre as muitas flores realçamos 13 borboletas, todas diferentes pela conjugação de cores utilizadas na sua execução.
Av. de Roma
À porta do número 10B da Av. de Roma, personagens de animação fazem-nos abrandar os passos para um olhar mais atento sobre a calçada.
São o Pato Donald, criado pelos estúdios Walt Disney em 1931, o Calimero, o infeliz pintainho idealizado por Nino Pagot, Toni Pagot e Ignazio Colnaghi em 1963, e o Pernalonga da série Looney Tunes produzida entre 1930 e 1969, distribuída pela Warner Bros. Animation.
Jardim Cesário Verde
O pavimento deste pequeno jardim que evoca o poeta realista do séc. XIX, José Joaquim Cesário Verde, aquando da sua reabilitação em 2020, foi substituído por calçada portuguesa e ali podem-se observar diversos elementos artísticos.
De entre vários motivos vegetalistas, uma guitarra e corações de Viana destacamos os animais: duas borboletas, uma a preto e outra multicolor e um grande gato preto e branco de olhos amarelos e nariz cor-de-rosa que deitado nos observa.
Campo Mártires da Pátria
A remodelação levada a cabo pela autarquia em 2017, do jardim do Campo Mártires da Pátria na Colina de Santana, trouxe melhoramentos gerais, inclusive, a nível do pavimento.
Este foi substituído por calçada portuguesa onde o calcário intercalado com granito, permitiu um melhor efeito antiderrapante.
Mas o que nos encanta nesta intervenção são os diversos apontamentos em calçada artística de animais, como: borboletas, pássaros, gatos, cães, cavalo, patos, galo…
Estas representações remetem-nos não só para a presença de um parque canino onde os patudos se divertem mas também para uma especificidade deste jardim, a de albergar galináceos e anatídeos que andam livremente, trazendo muita animação e alegria às crianças que por lá brincam.
Avenida da Liberdade
Revelámos-lhe em Curiosos Segredos na Calçada Portuguesa em Lisboa surpreendentes manifestações de virtuosismo que muitos consideram como assinaturas dos calceteiros.
Mas no nosso entender se alguns destes pequenos apontamentos remetem para a impressão digital destes artesãos, outros manifestam um carácter provocador e subversivo, pois são elementos alheios ao padrão imposto que interpretamos como uma chamada de atenção destes homens que já se entendiam como artistas, mas cujo estatuto estava longe de ser reconhecido.
Destes invulgares elementos realçamos duas representações de animais: um pequeno pássaro e o que nos parece a cabeça de um caprino ou de um burro com as suas características orelhas compridas.
Desafiamo-lo a fazer um passeio pela Avenida da Liberdade e descobrir estes deliciosos pormenores. ☺
Praça Luís de Camões
Em redor do monumento ao poeta Luís de Camões podemos observar mais exemplos de animais e seres fantásticos na calçada portuguesa de Lisboa.
Aqui quatro reproduções de uma sereia sobre ondulações de onde emerge um peixe, alternam com quatro naus portuguesas, transportando-nos ao tema central de Os Lusíadas, a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador Vasco da Gama.
Largo do Rato
No passeio do lado sul deste largo encontram-se várias pequenas figuras em calçada portuguesa, alusivas ao comércio local: um ícone representando a restauração, um logotipo, um par de óculos e um rato.
O pequeno roedor associado ao restaurante Central do Rato, no número 10B, remete-nos à designação toponímica deste local que está relacionada com a alcunha do benemérito Luís Gomes de Sá e Meneses. Este apadrinhou o Convento de Nossa Senhora dos Remédios (Trinas do Rato), mandado erigir pelos seus antepassados no séc. XVII, localizado neste mesmo largo.
Monumento a Pedro Álvares Cabral
Na rotunda, ao cimo da Av. Álvares Cabral, está situado o monumento ao navegador português, inaugurado em 1941.
Na calçada que o rodeia, observam-se alternadamente seis reproduções de estrelas de oito pontas, três embarcações e três peixes sobre traços ondulantes.
É de salientar o trabalho minucioso na execução das escamas e das barbatanas dorsais espinhosas deste animal aquático, assim como, de toda esta calçada, onde é verificada a difícil técnica do malhete, que consiste em aplicar pedras de formas irregulares, de tamanho variável e cortadas de modo a encaixarem perfeitamente.
Praça do Império
No palco principal onde decorreu, em 1940, a Exposição do Mundo Português é possível passearmos sobre a calçada artística desenhada pelo arquitecto Cottinelli Telmo, para este grandioso evento do então regime ditatorial.
O projecto incluía uma grande esfera armilar repetida em quatro pontos da Praça do Império. “Três em redor da Fonte Monumental (colocados a sul, nascente e poente) e um outro também mais a poente, frente à colossal estátua, centralizada no Pavilhão Portugueses no Mundo. (…) O quarto elemento, mais a poente, foi retirado aquando a construção do Centro Cultural de Belém, que se iniciaria em 1989.”(1)
Cada uma das esferas armilares é atravessada na diagonal por uma faixa que contém os seis signos do zodíaco correspondentes às constelações estelares de: Capricórnio, Aquário, Peixes, Carneiro, Touro e Gémeos, “que representam os seis meses antes da grande abertura”(1) da exposição.
Estes exemplares de animais e seres fantásticos na calçada portuguesa revelam um espantoso domínio da técnica de calcetamento, um autêntico exercício de virtuosismo, onde a técnica do malhete é também usada.
Sublinhamos o magnífico efeito de escama observado no corpo dos peixes, conseguido através de pedras talhadas em forma de leque.
(1)A cultura popular na pavimentação artística da Praça do Império na Exposição do Mundo Português, de 1940, Ernesto Matos, Cadernos de Arte Pública Vol 2, Urbancreativity.org.
Pela Cidade de Lisboa
Por toda a cidade podemos notar a presença do corvo, pois este é parte integrante do símbolo da cidade de Lisboa.
A imagem de marca da capital portuguesa encontra-se representada nos equipamentos urbanos e propriedades pertencentes à Câmara Municipal, com os corvos aos pares afrontados e pousados, respectivamente, sobre a popa e a proa da barca.
Por esta razão também na calçada portuguesa, um dos ex-libris da cidade, não podem faltar as representações do brasão, onde esta ave de cor negra é uma constante, tanto nas intervenções mais antigas como nas mais recentes.
Apresentada a nossa colecção de animais e seres fantásticos na calçada portuguesa de Lisboa, esperamos ter-lhe despertado a curiosidade de procurar outros exemplos por esta cidade e partilhá-los connosco e com os nossos leitores. ☺
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