Com este artigo sobre a Casa-Museu Medeiros e Almeida pretendemos chamar-lhe a atenção para um ainda jovem e discreto, mas surpreendente museu.
Nele encontra uma colecção ecléctica de obras de arte nacionais e estrangeiras, de valor inestimável, reunidas por um grande coleccionador que quis deixar o seu espólio à fruição pública.
Se aprecia artes decorativas e histórias curiosas não pode perder esta peculiar Casa-Museu, instalada num palacete situado nas proximidades da Av. da Liberdade no centro de Lisboa.
O Fundador
A Casa-Museu Medeiros e Almeida deve o seu nome a António Medeiros e Almeida (1895-1986), um prestigiado empresário português e paralelamente um destacado coleccionador internacional de obras de arte.
De origens açorianas, nascido em Lisboa na Rua do Salitre, cedo mudou com os pais para o nº12 da Rua Mouzinho da Silveira, uma bonita moradia com risco do prestigiado arquitecto Ventura Terra e decoração do pintor Veloso Salgado, amigo da família.
O seu pai era médico mas participava em tertúlias de artistas. Esta proximidade e interesse pelas artes foram desde cedo uma constante na formação de gosto do futuro coleccionador.
Ainda frequentou o curso de medicina, mas o seu talento estava vocacionado para o mundo dos negócios.
O espírito empreendedor e a sua paixão por automóveis fê-lo aventurar-se, ainda muito jovem, na importação de Inglaterra para Portugal, de automóveis da marca Morris. Cedo percebeu que os carros não estavam preparados para as más condições das estradas nacionais e sugeriu alterações na sua construção junto da marca inglesa, resultando em elevadas vendas.
A partir daí nunca mais parou, tendo os seus interesses estado ligados a negócios tão diversos como a aeronaútica ou a indústria açoriana do açúcar… sempre com grande êxito.
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A História da Casa-Museu Medeiros e Almeida
António Medeiros e Almeida era casado, desde 1924, com Margarida Pinto Basto (1898-1971), com quem não viria a ter filhos. Em 1943 mudaram-se para um palacete do período de expansão da Av. da Liberdade, na esquina da Rua Mouzinho da Silveira com a Rua Rosa Araújo, muito próxima da casa de seus pais.
As primeiras obras de arte que adquire destinam-se a decorar a sua residência. Mas o seu gosto pelo coleccionismo atinge rapidamente grandes proporções, estimulado não só pelo seu sucesso financeiro, bem como pela abertura do mercado internacional de arte após a II Guerra Mundial.
Torna-se então um famoso coleccionador entre os antiquários e as leiloeiras europeias e no início dos anos 60 começa a tomar forma a intenção de transformar a sua residência numa casa-museu, com o objectivo de garantir a união e conservação do seu rico espólio.
Em pouco tempo a casa precisou de ser ampliada para poder conter tamanha quantidade e variedade de tão valiosas peças.
Para tal, em 1968, encarrega o arquitecto Alberto Cruz, sendo também iniciada a adaptação para um futuro espaço museológico, segundo as precisas indicações do proprietário que se mudará para uma nova morada dois anos depois.
A Fundação com o seu nome será criada em 1972, garantindo suporte e sobrevivência à Casa-Museu Medeiros e Almeida que após dois anos ficará pronta mas que apenas em 2001 abrirá ao público.
O Espólio da Casa-Museu Medeiros e Almeida
O espólio da Casa-Museu encontra-se dividido em duas áreas museológicas distintas: a habitação dos proprietários e a zona nova que resultou da ampliação e adaptação da casa em museu.
Se na primeira encontramos, o salão, a sala de jantar com a mesa pronta a receber convidados, a biblioteca, o quarto… na segunda estão patentes reconstituições de ambientes harmónicos, compostos por mobiliário e outras peças artísticas de diversas épocas e origens.
Ao contrário do banqueiro e coleccionador Ricardo do Espírito Santo e Silva (1900-1955) que se concentrava na recuperação de produções artísticas nacionais dispersas pelo mundo e com as quais veio a constituir um conjunto de grande unidade e coerência artísticas patente no Museu de Artes Decorativas Portuguesas.
Aqui estamos perante um coleccionador com um gosto eclético tanto no que respeita a tipologias como a épocas e proveniências. A unidade deste espólio consiste na constante elevada qualidade das peças que compõem as diferentes colecções: relógios, porcelanas, leques, mobiliário, pintura, têxteis, jóias, caixas…
Constitui uma das vertentes peculiares deste espólio objectos que para além da qualidade artística têm associadas histórias e/ou personalidades ilustres que lhes acrescentam valor. São os casos do serviço de chá em prata portuguesa que pertenceu a Napoleão Bonaparte durante o seu exílio; de um bidé de porcelana da China que pertenceu à família real francesa; de um relógio de bolso que passou pelas mãos dos generais Junot e Wellington; de uma lareira da casa do escritor Somerset Maugham…
As reservas da Casa-Museu Medeiros e Almeida conservam ainda surpresas que vão sendo expostas à medida que são descobertas e estudadas. Foi o exemplo recente de três estatuetas funerárias egípcias em faiança (chauabtis), datadas entre 380 e 343 a.C., que colocaram este espaço museológico na lista dos museus de Lisboa que conservam e expõem arte do Antigo Egipto.
Destaques para Peças Surpreendentes
Da colecção de arte sacra, entre muitas outras preciosidades, destacamos pela sua impactante dimensão e originalidade, um púlpito indo-português policromado do 1º quartel do séc. XVIII. Hoje sabe-se ser proveniente da Capela da Senhora do Monte em Goa, onde ainda se encontram o alçado e o baldaquino que completavam o conjunto.
Destaque ainda para duas curiosidades que integram o espólio da colecção de pratas: um conjunto de salva e caneca encontradas em Lisboa nos escombros do terramoto de 1755 e que foram gravadas com a explicação deste facto e ainda uma das doze taças Aldobrandini.
Estas taças quinhentistas, de prata dourada, foram feitas em honra dos primeiros Césares romanos e são constituídas por um pé, um prato decorado com quatro cenas da vida do imperador e uma figura do mesmo ao centro.
No séc. XIX os pratos e as figuras terão sido inadvertidamente trocados. Hoje encontram-se dispersos por museus e colecções particulares e apesar das inerentes dificuldades está de pé a ideia por parte dos proprietários, de rectificar este insólito erro.
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Da sala das porcelanas, cujo espólio abarca vinte séculos de terracotas e porcelanas chinesas, não podemos deixar de destacar aquela que é considerada uma das mais importantes peças da Casa-Museu Medeiros e Almeida. Trata-se de uma das primeiras encomendas europeias, datada da 1ª metade do séc. XVI, um gomil decorado com a esfera armilar, armas pessoais do rei D. Manuel I.
Serão estes motivos suficientes para que faça uma visita a este fantástico museu? Garantimos que há muitos mais… 🙂
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