A Igreja de Nossa Senhora da Oliveira é, talvez, um dos mais desconhecidos espaços de culto cristão dos lisboetas, apesar de localizado em plena Baixa Pombalina.
Inserida, curiosamente, num edifício igual a tantos outros, a sua fachada é de tal modo discreta que podemos passar, diariamente, à sua porta sem nunca reparar que ali se encontra uma igreja. Um simples frontão triangular, encimado por uma cruz, que encerra um ramo de oliveira em bronze, uma placa em pedra com o nome gravado e uma pequena torre sineira assinalam a existência de um local de culto.
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A História da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira
A história da fundação da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira é também curiosa, apesar de não ser unânime a sua data (entre os séculos XIII e XIV) é certo que esta se deve a Pedro Esteves, um rico mercador de Guimarães, e sua esposa Clara Geraldes, cujas sepulturas ali foram encontradas.
O rico casal terá sido responsável pela edificação de uma ermida de devoção a Nossa Senhora e a Santo Elói, patrono dos joalheiros e ourives, junto à antiga Igreja de São Julião. Consta que a proximidade de uma velha oliveira esteja na origem do nome, Senhora da Oliveira ou da Oliveirinha, mas a existência de um culto antigo à Senhora da Oliveira em Guimarães parece-nos ser mais plausível.
Mais tarde, a irmandade dos confeiteiros adquiriu o terreno e a ermida, então em ruínas, tendo procedido à sua reedificação. Contudo, esta veio a ser totalmente destruída no terramoto de 1755.
Costuma referir-se que após difíceis negociações com o governo de Marquês de Pombal, a irmandade foi como que empurrada para um novo espaço, nas proximidades, integrado num edifício de habitação e aí refez o seu local de culto. Mas não será bem assim…
Após atenta observação dos mapas sobrepostos antes e pós terramoto de 1755 da zona ribeirinha da cidade disponíveis na obra do olisipógrafo Vieira da Silva, foi possível tirar conclusões surpreendentes.
Hoje a Igreja de São Julião, que corresponde ao Museu do Dinheiro, encontra-se no Largo do Município mesmo ao lado da Câmara Municipal de Lisboa. Mas nem sempre foi assim!
Antes do terramoto esta igreja situava-se mais a oriente e a norte, correspondendo as suas traseiras à actual Rua Augusta. A antiga ermida da Oliveira, também arrasada pelo terramoto, está presente no mapa e situava-se no adro da Igreja de São Julião, nem mais nem menos que no local onde se encontra hoje.
Este facto revela-nos a importância e a influência que a irmandade teria que ter para conseguir reconstruir o seu espaço de culto no mesmo local integrado na nova malha urbana da cidade reconstruída.
O Tesouro Escondido
Esta igreja de uma só nave rectangular, modesta nas suas dimensões, podia não passar de um pequeno local de culto privado pouco relevante, não fosse o surpreendente conjunto de painéis de azulejos da Real Fábrica de Louça do Rato. Esta fábrica, fundada pelo Marquês de Pombal em 1767, teve grande relevância no panorama das artes decorativas, tanto no que respeita a novas práticas na funcionalidade das louças como na formação de mestres e pintores.
Os painéis recortados apresentam ricas molduras de motivos concheados e vegetalistas, querubins e anjos que se estendem a todas as paredes da nave e do altar. A temática é dedicada à vida da Virgem. Apesar de executados no final do século XVIII, durante o reinado de D. Maria I, remetem, em estilo, para o barroco azul e branco de D. João V (1706-1750).
Do resto da decoração destaca-se o altar, onde se encontra entronada a padroeira Senhora da Oliveira, imagem coroada, de pequenas dimensões, em madeira estofada e policromada. Encerrados em nichos laterais, estão as imagens de Santo António e de Santo Elói. Da extinta Igreja de São Julião veio a imagem de Rita de Cássia, santa de grande devoção popular que encontramos do lado esquerdo, em contraponto com um Sagrado Coração de Jesus.
No tecto da nave observa-se pintura de quadratura com representação da Virgem em Glória ao centro, de autor desconhecido. No tecto da capela-mor, temos a representação do Espírito Santo rodeado por querubins e grinaldas de flores. E, lateralmente, dois medalhões ladeados por anjos apresentam, em grisaille, a Virgem e Cristo, do lado esquerdo e direito, respectivamente.
A Igreja de Nossa Senhora da Oliveira dispõe de coro alto e púlpito em madeira trabalhada e dourada e efeitos de marmoreados em pintura fingidora nas madeiras e estuques completam a decoração total deste peculiar espaço.
Preparámos um esquema que lhe facilita a identificação e localização de cada um dos painéis de azulejos, para que melhor os possa apreciar aquando da sua visita. Pode fazer o download gratuito, clicando aqui.
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