O Presépio da Basílica da Estrela é um dos mais espectaculares dos muitos presépios barrocos existentes em Lisboa. Trata-se de uma encomenda da rainha D. Maria I ao escultor Machado de Castro.
O complexo da Basílica da Estrela e Convento de Freiras Carmelitas situa-se na Estrela e é um dos templos religiosos do final do séc. XVIII mais conhecidos da cidade de Lisboa.
A rainha D. Maria I fez a promessa de construir uma igreja caso ficasse grávida e é neste contexto que é edificado entre 1779 e 1790 este monumental edifício, o primeiro do mundo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus.
É aqui que vamos encontrar o impressionante presépio que hoje trazemos até si.
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O Presépio da Basílica da Estrela
O Presépio da Basílica da Estrela foi executado entre 1781 e 1785, é constituído por mais de 400 figuras e encontra-se encerrado numa grande maquineta, ou armário, que o protege. Mede cerca de 5 metros de largura por 4 de altura e cerca de 3 de profundidade.
Originalmente ocupava uma sala de maiores dimensões, decorada com silhares de azulejos que reforçavam o programa iconográfico do Nascimento de Jesus. A esta sala só tinham acesso as freiras e eventualmente a família real. Durante o período do Natal as portas da maquineta eram abertas e os observadores tornavam-se adoradores como se também eles fossem figuras do presépio.
Hoje o presépio encontra-se na antiga sacristia da igreja, localizado no braço direito do transepto. O acesso é feito contornando o túmulo da rainha D. Maria I, um magnífico trabalho de arte funerária da 1.ª metade do séc. XIX, dos escultores Faustino José Rodrigues e Giovanni Chiari.
As reduzidas dimensões do espaço não permitem que o grandioso presépio e a respectiva maquineta brilhem, mas apesar disso o conjunto não deixa de impressionar. O seu acesso é livre sendo apenas cobrada uma quantia simbólica.
O Presépio da Basílica da Estrela foi alvo de um primeiro restauro em1950, tendo sido então feitas algumas alterações. Mais recentemente, em 2003, sofreu nova intervenção que repôs a posição original de algumas figuras, sendo ainda alvo de estudos aprofundados que nos permitiram conhecer melhor este valioso património.
Os Primeiros Presépios
A representação do Presépio é uma referência antiga que reúne informações sobre o nascimento de Jesus presentes nos Livros dos evangelistas Lucas e Mateus.
A ideia de recriar um presépio na época do Natal parece ter partido de São Francisco de Assis com vista à catequização dos leigos que, feita através de imagens, se tornava muito mais eficaz. As ilustrações permitiam mais facilmente compreender e interiorizar a mensagem que se pretendia transmitir. Por este motivo, o costume de construir presépios foi-se difundido desde a Idade Média, primeiro entre os religiosos, passando depois para a realeza e já no séc. XVIII generalizando-se às casas de todos os cristãos.
O Presépio Tradicional Português
O presépio tradicional português tem uma característica muito curiosa. Para além das figuras de referência da Sagrada Família, dos Reis e dos Pastores, encontramos uma diversidade de figuras contemporâneas do séc. XVIII, numa incoerência de épocas que não devemos estranhar.
Neste período, os artistas não se inibiam de representar personagens de épocas mais recuadas usando vestes e habitando interiores do quotidiano de setecentos. Hoje esta prática seria considerada no mínimo extravagante mas devemos compreender que a capacidade e forma de ler as imagens se alteraram significativamente.
Na tradição dos presépios portugueses podemos observar no Presépio da Basílica da Estrela cenas típicas da sociedade da época, uma bulha entre duas mulheres junto a uma fonte ou uma cena de taberna que convivem com as narrativas bíblicas da Anunciação aos Pastores ou o Massacre dos Inocentes.
Menos tradicional é a presença dos reis magos em posição de destaque que se observa no Presépio da Basílica da Estrela. A Adoração dos Magos constitui uma novidade e justifica-se dado tratar-se de uma encomenda régia. Todos os presépios têm uma mensagem subjacente e neste caso temos presente um elogio à rainha.
Julgava-se que a tipologia destes presépios tinham a sua origem nos famosos Presépios Napolitanos, mas estudos mais recentes apontam para o facto dos exemplares portugueses serem mais antigos.
O Escultor Joaquim Machado de Castro
Joaquim Machado de Castro (1731-1822) foi um famoso escultor de referência português do séc. XVIII. Apesar de nunca ter tido formação fora de Portugal consagrou-se sem dúvida como um artista barroco erudito de gosto italianizante. É ele o autor da magnífica estátua de D. José I que se encontra na Praça do Comércio, assim como de outras peças de relevo, sendo o caso de algumas das que vemos na fachada da Basílica da Estrela.
Contudo, a sua fama enquanto criador de presépios, na sua maioria encomendas régias, superou a sua actividade. Muitos dos presépios barrocos que lhe foram atribuídos foram fruto do trabalho de outros mestres cujos nomes não atingiram tanta fama.
O Presépio da Basílica da Estrela foi encomendado pela rainha D. Maria I a Machado de Castro, não se colocando neste caso dúvida da sua autoria. Sendo constituído por um tão elevado número de figuras é fácil depreender que nem todas foram executadas pelo mestre.
Ao contrário do que se poderia pensar, o escultor não terá reservado para si a execução das figuras de referência já que estas não permitiam grandes variações de tratamento. Deparamo-nos então, numa observação mais atenta perante figuras que não sendo tão relevantes para o discurso em causa, constituem peças mais criativas e de maior valor plástico e expressivo. É o caso de um músico cego ou de uma mulher que amamenta uma criança.
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O Carácter Barroco do Presépio da Basílica da Estrela
O presépio desenvolve-se sobre uma grande estrutura de madeira e cortiça onde são criadas zonas de côncavo e convexo que se interligam, criando jogos de luz e sombra. Se pensarmos que os presépios eram iluminados com velas, facto que levou ao desaparecimento de muitos deles, podemos imaginar o impacto dramático barroco que constituía a observação desta obra.
O carácter teatral, também barroco, está presente entre outros aspectos na colocação das figuras da Sagrada Família. Estas encontram-se sob as ruínas de edifícios da antiguidade clássica, representação que nos remete simbolicamente para o fim de uma Era de paganismo. Também as nuvens suspensas, repletas de anjos e querubins, desenvolvem-se em vários planos criando dinamismo, profundidade e sentido cenográfico.
Todas as figuras têm dinamismo como se realmente se movimentassem e o nosso olhar tem dificuldade em concentrar-se numa peça ou numa cena em particular.
As figuras são na maioria de terracota, constituindo os cavalos e as nuvens uma curiosidade, uma vez que são construídos em papel de trapos sobre uma estrutura metálica, uma técnica antiga parecida com a do papier mâché.
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