O nome artístico Cristina Cartolina é-lhe familiar? Se já conhece os trabalhos desta artista visual, em Lisboa em Nós de Cristina Cabral vai descobrir a sua relação com a cidade que a acolheu e que adoptou para si. Se não a conhece de todo, vai certamente apreciar não só o seu texto mas também o seu trabalho criativo, pleno de mensagens em que importa reflectir.
Esta Lisboa que eu amo
Esta Lisboa que eu amo que me acolheu há exatamente 50 anos atrás, não propriamente de braços aberto, deva dizer-se (nem a mim nem aos milhares de portugueses vindo das ex-colónias africanas), é a minha cidade, a cidade que habito e a cidade que me habita e alimenta o meu imaginário criativo.
Eram então tempos difíceis, para os que chegavam e para os que cá estavam, essa Lisboa de outrora tão cinzenta, tão a preto e branco, aos poucos foi se enchendo de cores, das cores vibrantes destes outros portugueses tão diferentes dos de cá; numa Lisboa que ainda estava a aprender a viver em liberdade e por vezes sem saber muito bem o que fazer com ela, a presença destes outros portugueses criou as suas clivagens não só entre lisboetas mas entre portugueses no geral. Que hábitos eram estes? Que comidas eram estas? Que cores garridas eram estas? Mas esta Lisboa que tantas vezes se reinventou ao longo dos séculos, não tardou a acolher estas novas formas de vida e começou a ganhar cor, as águas do Tejo ganharam outro movimento mais balanceado e mais gingado, as ruas passaram a ter outros sotaques, outras palavras, outros sons, outras músicas e na diversidade se foi construindo esta nova Lisboa aberta para o mundo e para o futuro.

Apesar deste início conturbado, rapidamente me apaixonei pela luz desta cidade, pelo azul do céu pelo chão desenhado a pedras pretas e brancas, pelas cores dos telhados da Maluda, pelas palavras do Pessoa e do Ary, pelas guitarras do fado e os novos cantares do Sérgio Godinho ou do José Mário Branco, pelo cheiro a castanhas assadas no outono e a sardinhas no verão, à medida que fui crescendo esta Lisboa também foi crescendo em mim, todos os dias era uma nova descoberta, um novo lugar e ainda hoje consigo descobrir novos cantos nesta cidade em constante mudança e é com alguma perplexidade e desconforto que assisto, ainda, à relutância e à desconfiança para com quem vem de fora, Lisboa desde sempre foi um gigantesco caldeirão de culturas e é essa diversidade que nos enriquece e torna únicos, num rápido passeio pelo centro da cidade conseguimos descortinar essas heranças culturais nos edifícios, nas ruas, nos hábitos, nas palavras, no entanto sem perder a sua identidade de cidade portuária virada para o oceano, porta de entrada no velho mundo porta de saída para novos rumos.

Hoje sinto-me acima de tudo lisboeta, por escolha e por convicção.
Esta é a minha Lisboa e gosto dela assim.
| Lisboa em Nós de Cristina Cabral | |
|---|---|
| Mini apresentação | Cristina Cabral AKA Cristina Cartolina, lisboeta adotada, e convicta, 51 anos, Artista Visual. Siga os seus trabalhos no Instagram |
| Um local inspirador | Fundação Calouste Gulbenkian |
| Uma visita imperdível | A Feira do Livro |
| Água na boca com… | Bifanas n’O Trevo – Largo do Camões |
| Uma música… | Lisboa que Amanhece – Sérgio Godinho |
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