Artigo original publicado em 16/09/2020
Neste artigo queremos surpreendê-lo com uma selecção de originais placas toponímicas em Lisboa.
São suportes diferentes dos modelos tradicionais-oficiais que lhe mostrámos em Tipologias de Placas Toponímicas em Lisboa, onde falámos da ligação destas com o desenvolvimento e a ocupação do espaço urbano.
Desta vez propomos-lhe ver placas completamente diferentes que fogem às regras. São discretos apontamentos que nos revelam particularidades e nos contam interessantes episódios relacionados com esta fascinante cidade.
Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.
A Selecção de Originais Placas Toponímicas em Lisboa
São muitas as placas toponímicas não oficiais, de formatos e materiais diversos, que observamos durante as nossas caminhadas.
Estas que lhe apresentamos dão-nos informação sobre o próprio município, a sua ligação com o mundo e algumas das diferentes personalidades que marcaram Lisboa de distintas formas.
Praça Luís de Camões
Começamos pela Praça Luís de Camões, topónimo atribuído por Edital do Governo Civil de Lisboa de 12 de Outubro de 1860. No edifício de esquina com a Rua do Alecrim podemos admirar uma curiosa placa toponímica em forma de painel de azulejos recortados.
Este painel reproduz uma versão a cores da ilustração presente na primeira edição de Os Lusíadas, editada em 1572. Trata-se de um desenho de carácter renascentista composto por um conjunto de elementos arquitectónicos com decoração vegetalista que envolvem os caracteres.
Estes caracteres designam PRAÇA LUIZ DE CAMÕES (POETA) e uma data para a qual não encontramos explicação. Em numeração romana X-VI-MDLXX remete para 10 de Junho de 1570. Ora a data da morte do poeta é realmente 10 de Junho mas de 1580. Faltará um X?
Ainda em homenagem ao poeta Luís de Camões encontramos nesta praça um monumento escultórico inaugurado a 9 de Outubro de 1867. Este é da autoria de Vítor Bastos (1830-1894), que entre outras obras realizou as estátuas do 1º registo do Arco do Triunfo da Praça do Comércio.
Praça do Município
Esta placa toponímica, que parece ser uma iniciativa contemporânea da da Praça de Luís de Camões, é um bonito exemplar de azulejaria portuguesa, aplicado numa fachada mesmo em frente à Câmara Municipal de Lisboa.
Anteriormente designado Largo do Pelourinho, este espaço passou a Praça do Município por edital camarário de 24 de Março de 1886.
Trata-se de um suporte em azulejo pintado e recortado que apresenta no topo uma caravela com bandeira de Lisboa e a representação do distintivo acompanhado do Colar de Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
Este peculiar apontamento constitui uma evocação à mais importante Ordem Honorífica Portuguesa, condecoração que a Câmara Municipal de Lisboa recebeu no dia 30 de Janeiro de 1920.
As Placas Toponímicas do Museu Militar de Lisboa
Podemos observar duas originais placas toponímicas em Lisboa na esquina poente do edifício do Museu Militar de Lisboa, na zona de Alfama. Uma corresponde ao Largo do Museu D’Artilharia e a outra à Rua Teixeira Lopes (imagem de capa deste artigo).
A primeira é uma placa em bronze de forma ovalada com as letras em relevo e revela-nos o antigo nome do museu que desde 1926 tem a actual designação.
A segunda é mais elaborada, apresenta a forma de um escudo ladeado por dois dragões alados e coroado por motivos vegetalistas. Neste exemplar as letras são gravadas.
A rua recebeu o nome Teixeira Lopes em 1903 e remete-nos para uma ilustre família de artistas: José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), escultor e ceramista; e os seus filhos, o escultor António Teixeira Lopes (1866-1942), e o arquitecto José Teixeira Lopes (1872-1919).
É de salientar que António Teixeira Lopes é o autor do conjunto escultórico do portal nascente do Museu Militar de Lisboa, onde está representada a figura alegórica da Pátria (c.1908). E o seu irmão, o responsável pelo projecto arquitectónico de remodelação do antigo edifício que decorreu entre 1905 e 1908.
Desconhecemos as datas de afixação destas placas, sendo seguro que não existiam em 1905, como provam imagens que constam do Arquivo Municipal de Lisboa. O material utilizado será, certamente, uma referência de memória à antiga Fundição de Baixo pertencente ao Arsenal do Exército que funcionou naquele local.
Bairro Estrela d’Ouro
O Bairro Estrela d’Ouro, na Graça é uma vila operária projectada em 1907 pelo arquitecto Norte Júnior.
Este projecto nasceu da iniciativa de Agapito Serra Fernandes, industrial de confeitaria de origem galega, e destinava-se ao alojamento dos seus trabalhadores.
A vila é composta por quatro ruas, todas com nomes de familiares do empresário: Rua Virgínia, Rua Josefa Maria, Rua Rosalina e Rua Serra Vidal que figuram em placas toponímicas com características específicas e identitárias do bairro.
Trata-se de uma chapa de metal rectangular, pintada de azul com letras brancas, em que cada canto apresenta uma estrela amarela de cinco pontas.
Este elemento está presente em todo o bairro: no seu nome, nos desenhos da calçada portuguesa, nos ferros forjados, nos painéis de azulejos entre outras peças decorativas.
A razão terá sido a homenagem que o empresário pretendia fazer a Campus Stellae (Campo da Estrela), uma das possíveis origens etimológicas de Santiago de Compostela.
Largo Rafael Bordalo Pinheiro
Este largo localizado no Chiado, em pleno coração de Lisboa, recebeu o nome de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), um dos maiores artistas portugueses, em 1915.
As placas toponímicas em cerâmica, ali presentes, remetem para o seu trabalho como criativo ceramista que viveu e morreu no nº29, deste antigo Largo da Abegoaria.
Pode apreciar importantes obras suas no divertido Museu Bordalo Pinheiro, assim como, fantásticos animais de cerâmica no Jardim Bordalo Pinheiro, ambos localizados no Campo Grande.
Avenida Rio de Janeiro
Esta artéria que liga a Avenida dos Estados Unidos da América à Avenida do Brasil recebeu a actual designação em 1948.
Faz parte de um conjunto de arruamentos a que foram atribuídos nomes de cidades europeias e brasileiras, conferindo um certo cosmopolitismo à Lisboa da época.
As placas metálicas, azul-escuro com letras brancas, que podem ser vistas ao longo desta avenida constituem uma homenagem à cidade do Rio de Janeiro onde o modelo de placa toponímica utilizado é idêntico.
Avenida de Madrid
Em toda a extensão desta avenida podemos encontrar seis placas toponímicas de azulejos com pinturas diferentes alusivas a Madrid e assinadas por R. Del Olmo.
Entre monumentos e locais emblemáticos temos: no início da avenida, do lado esquerdo a Estátua Equestre de Filipe III na Praça Mayor; do lado direito a Fonte de Cibeles, mais à frente a Porta de Alcalá; no prédio nº 28 a Estátua de Eloy Gonzalo na Praça de Cascorro; e no final da artéria é possível ver do lado esquerdo outra vista da Praça Mayor e em frente desta, a última das seis placas, referente ao Monumento a Dom Quixote na Praça de Espanha.
Estas placas são semelhantes às usadas na capital espanhola e terão sido colocadas em 1986, aquando da semana de Madrid em Lisboa.
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Rua de Macau
A última das originais placas toponímicas em Lisboa que escolhemos para si encontra-se na Rua de Macau no antigo Bairro das Colónias, um dos 7 Sinais de Macau em Lisboa por nós divulgados.
Este bairro foi construído nos anos 30 do séc. XX e as suas artérias receberam nomes dos então territórios portugueses.
Em 1999, ano da passagem da soberania de Macau de Portugal para a China, foram colocadas duas placas toponímicas, cujo modelo é o utilizado em Macau desde a década de 80.
Este é composto por um painel de azulejos brancos com bordadura azul, dividido em dois campos, um destinado ao topónimo em português e o outro ao topónimo na língua chinesa.
Pode conferir na imagem de capa do artigo 7 Sinais de Lisboa em Macau. 😉
Esta é a nossa selecção de originais placas toponímicas em Lisboa. Com elas esperamos ter contribuído para o despertar de um olhar mais curioso e atento sobre estas e outras singularidades desta maravilhosa cidade.
O projecto getLISBON tem sido muito gratificante. Queremos continuar a revelar singularidades da apaixonante cidade de Lisboa.
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