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Neste artigo sobre personalidades homenageadas em arte urbana, trazemos-lhe obras que puseram em evidência figuras e/ou acontecimentos que merecem ser conhecidos.
A arte urbana tal como outras expressões artísticas constitui, muitas vezes, uma forma de manifesto sobre assuntos que nos tocam como sociedade ou problemas que nos afectam a nível global.
É nela que também assistimos a tributos a individualidades nacionais e internacionais que, de algum modo, se destacaram em áreas distintas ou que contribuíram com o seu esforço e dedicação para que possamos ter um mundo melhor.
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Personalidades Homenageadas em Arte Urbana
Vamos, então, conhecer algumas das personalidades homenageadas em arte urbana que se encontram pela cidade de Lisboa.
Salgueiro Maia
Capitão Salgueiro Maia (1944-1992) é uma das figuras de destaque da Revolução de 25 de Abril de 1974 que libertou Portugal do duro regime ditatorial.
Esta personalidade foi o protagonista do mural, patente no exterior da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, na Av. de Berna, e continua a sê-lo na actual versão reinterpretada.
Em 2014, a propósito da comemoração dos 40 anos da Revolução dos Cravos, foi executado um mural por um colectivo da plataforma Underdogs que envolveu quatro artistas urbanos masculinos. Tinha como objectivo mostrar as suas interpretações do 25 de Abril e como este acontecimento, que não viveram, influenciou as suas vidas.
Frederico Draw retratou Salgueiro Maia, inspirado na imagem captada pelo fotojornalista Alfredo Cunha, no dia decisivo da revolução em pleno Largo do Carmo.
Gonçalo Ribeiro aka Mar encarregou-se do fundo que suporta o Capitão, desenhando os punhos erguidos do povo com as cores que compõem a bandeira portuguesa.
Os padrões que preencheram as espingardas e a farda do capitão, eram de Add Fuel que já nos habituou com as suas reinterpretações da azulejaria portuguesa.
Em cada lado do mural existia uma peça simbólica de Miguel Januário. A da esquerda remetia ao pré-25 de Abril, o escudo envolvido em ossos e correntes. O lado direito mostrava um coração e duas G3, com uma inscrição em latim que significa “Ou encontramos uma via, ou fazemos uma”, apelando à necessidade de mudança.
Em 2023, no dia 8 de Novembro, foi inaugurada a pintura que substituiu a anterior que já se encontrava degradada.
A iniciativa teve lugar no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril e do 45º aniversário da Faculdade, novamente realizada pela plataforma Underdogs, e desta vez por um colectivo feminino de quatro artistas: Tamara Alves, Sara Fonseca da Graça aka Petra Preta, MOAMI e Mariana Malhão.
O objectivo é introduzir uma perspectiva nova sobre este tão marcante acontecimento, realçando o papel da mulher.
A fotografia de Alfredo Cunha é aqui, de novo, utilizada como inspiração para o retrato realista de Salgueiro Maia, desenhado por Tamara Alves.
Sara Fonseca da Graça, por sua vez, quis destacar a figura da mulher, as protagonistas femininas dos movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas que também tiveram um papel fundamental.
Os inconfundíveis padrões e elementos gráficos no fundo deste painel denunciam a autoria da multifacetada MOAMI. A sua arte tocante, motivadora e global aqui tem a missão agregadora dos povos irmãos ligados por um passado comum.As silhuetas brancas criadas por Margarida Malhão simbolizam “a força do povo unido”. Pode ler-se no texto curatorial: “De mãos dadas, diversas camadas da sociedade portuguesa lutaram e celebraram a transição da opressão sofrida por décadas para a liberdade. O cravo simboliza a ideia de rompimento, e os braços erguidos personificam a identidade coletiva como força transformadora.”
Raoni Metuktire
Raoni Metuktire (1932) é a personalidade que o criador brasileiro Kobra trouxe para MURO | Festival de Arte Urbana Lx 2017, na Quinta do Marquês de Abrantes em Marvila.
Saiba mais sobre o Festival e outras obras desta freguesia em Arte Urbana de Marvila.
Este retrato do líder indígena brasileiro, da etnia Caiapó, faz parte de “Etnias – Todos Somos Um” de Kobra. Um projecto que pretende chamar a atenção para a luta que o representante dos povos indígenas tem travado contra a invasão da Amazónia e a importância da preservação dos seus povos e da floresta, sendo esta uma responsabilidade global e não apenas do Brasil.
Nuno Teotónio Pereira e José Cardoso Pires
No estacionamento do Mercado de Alvalade encontram-se duas personalidades homenageadas em arte urbana, iniciativas da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Alvalade.
São duas figuras marcantes em domínios diferentes, mas ambas construíram as suas vivências como moradores nesta freguesia de Lisboa.
Em 2017 teve lugar o tributo ao arquitecto Nuno Teotónio Pereira (1922-2016). Uma importante figura na sua área, tendo recebido inúmeros prémios, entre os quais os Prémios Valmor de: 1967 com a Torre de Habitação nos Olivais Norte; 1971 com o Edifício Franjinhas, na Rua Braamcamp; e 1975 com o projecto da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Rua Camilo Castelo Branco.
João Samina retratou Nuno Teotónio Pereira sobre um fundo de formas geométricas de cores cinza, preto e vermelho, solução muito característica deste criador português.
Em 2018, SKRAN imortalizou José Cardoso Pires num dos muros junto ao mercado, no âmbito da 2ª edição de Alvalade Capital da Leitura, na qual a vida e obra do escritor estiveram em destaque.
Considerado um dos maiores escritores portugueses do séc. XX, sendo O Delfim de 1968 uma das suas obras-primas.
Nelson Mandela
Em 2018, no âmbito da homenagem da Câmara Municipal de Lisboa a Nelson Mandela (1918-2013), foi realizada uma pintura da autoria do ilustrador português Nuno Saraiva em colaboração com vários outros artistas.
Este trabalho situado na Rua João Soares, no Campo Grande, evoca o centenário do nascimento do líder histórico sul-africano e Prémio Nobel da Paz. Mas também sacode a memória colectiva no que respeita aos anos de 1987 e 1989. Datas em que, respectivamente, Portugal votou na ONU contra a resolução para a libertação incondicional de Nelson Mandela e a resolução sobre as crianças vítimas do apartheid na África do Sul.
Pode ainda ser lida a frase de Mandela “A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo”, uma exaltação da importância do acesso generalizado à educação que, infelizmente, continua a ser necessário reforçar…
Marielle Franco
A activista brasileira Marielle Franco, defensora dos direitos humanos e vereadora da cidade do Rio de Janeiro, foi brutalmente assassinada em Março de 2018.
Na edição desse mesmo ano do Festival Iminente que teve lugar no Panorâmico de Monsanto, o emblemático artista português Vhils associou-se ao projecto Brave Walls da Amnistia Internacional. Esculpiu numa das paredes o rosto de Marielle Franco em sua memória, destacando o valor dos que assumem a missão de lutar por causas, em nome de todos.
Amália e Celeste Rodrigues
Duas célebres intérpretes de fado estão presentes desde Agosto de 2019 em empenas da Quinta da Cabrinha em Alcântara.
Trata-se da figura incontornável de Amália Rodrigues (1920-1999), da autoria de SMILE e da sua irmã mais nova Celeste Rodrigues (1923-2018), retratada por Styler.
No mesmo local pode ainda ser apreciada uma guitarra portuguesa de 2CarryOn e uma obra também alusiva ao fado do graffiter espanhol Werens.
Personalidades do Bairro de Benfica
Ao contrário dos que vimos até aqui, o mural localizado na Rua das Garridas, na Freguesia de Benfica exibe não uma personalidade mas sim um conjunto de figuras públicas, cuja vivência está ligada de alguma forma a este bairro.
A iniciativa partiu da Junta de Freguesia que lançou uma votação nas redes sociais de uma lista inicial de 24 personalidades para eleger 15. Nas eleitas encontram-se escritores, desportistas, actores, músicos, humoristas, entre outros…
Da esquerda para a direita temos: Carlos Paredes; João Lobo Antunes; António Lobo Antunes; José Águas; Ana Bacalhau; Nuno Markl; Lena D’Água; Madalena Iglésias; Padre Álvaro Proença; Beatriz Costa; António Livramento; Francisco Lázaro; Vasco Santana; Ruy de Carvalho e António Feio.
Este mural inaugurado em Maio de 2020 tem desenhos da autoria do ilustrador Tomás Reis e contou com o trabalho de passagem das ilustrações para graffiti dos artistas urbanos Edis One e Pariz One, também residentes de Benfica.
Com este roteiro das personalidades homenageadas em arte urbana de Lisboa quisemos chamar-lhe a atenção para um tipo de tributo, efémero é certo, mas impactante e diverso do tradicional.
Nota: Artigo original publicado em 11/11/2020.
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