Centro Científico e Cultural de Macau, na Rua da Junqueira, n. 30, Lisboa

Centro Científico e Cultural de Macau

É com enorme prazer que a rubrica getLISBON convida recebe o contributo de Ana Cristina Alves, coordenadora do Sector Educativo do Centro Científico e Cultural de Macau. Ao longo de vários artigos falar-nos-á deste Centro, do seu Museu e da muito interessante origem do nome de Macau. Este conjunto de artigos promove, sem dúvida, a participação no diálogo intercultural, estabelecido ao longo da história entre o Oriente e o Ocidente. Uma relação transportada para Portugal, mais precisamente para Lisboa, desde 1999 patente neste espaço científico, cultural e museológico, proporcionado pela conjugação de esforços de portugueses, macaenses e chineses.

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), presidido pela Professora Carmen Amado Mendes, desde 2020, foi criado pelo Decreto-Lei nº 85, de 28 de abril, em 1995, por iniciativa das autoridades portuguesas de Macau e, em especial do último governador de Macau, General Vasco Rocha Vieira. 

Foi inaugurado em 1999 pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com o objetivo da preservação da memória e história de Macau como território sob administração portuguesa até dezembro de 1999 e, após essa data, com a missão específica de aprofundar e prolongar as relações entre Portugal e a China através da Região Administrativa Especial de Macau.

A primeira presidente do Centro foi a Engenheira Alexandra Costa Gomes, entre 1999 e 2002, seguindo-se o Vice-Almirante Luís Mota e Silva, entre 2003 e 2006, o Professor Luís Filipe Barreto, entre 2006 e 2019, o Dr Rui Dantas, na qualidade de presidente interino entre 2019 e 2020, e a partir de 2020 a Professora Carmen Amado Mendes. 

Tem atualmente como principal mecenas a Fundação Jorge Álvares. Se hoje assim é, tempos houve em que os mecenas eram outros, chineses, como o Dr. Stanley Ho, ou macaenses, como o colecionador António Sapage, nascido em Macau em 1949. Este último muito contribuiu para a coleção de arte chinesa do Museu do CCCM, especialmente para as suas porcelanas.

O CCCM tem por missão produzir, promover e divulgar conhecimento sobre Macau. É também um espaço dedicado ao estudo e ensino da língua, cultura e história chinesas, e um centro de investigação científica e de formação contínua e avançada sobre as relações entre Portugal e a China, assim como entre a Europa e a Ásia.

Jarrões de porcelana decorada com esmaltes “família rosa de Cantão” com armas reais e inscrição “Palácio do Governo de Macau”; China; dinastia Qing, reinado de Guangxu, c. 1880; C.C.C.M. Lisboa, Inv. 1610; 276.

Museu e Biblioteca do Centro Científico e Cultural de Macau

O CCCM conta com duas grandes valências, o Museu e a Biblioteca.

O Museu do Centro Científico e Cultural de Macau é constituído por dois núcleos distintos e complementares, o núcleo sobre A Condição Histórico-Cultural de Macau nos Séculos XVI e XVII e o núcleo sobre Coleção de Arte Chinesa. Possui mais de 3.500 peças divididas por diversas tipologias, entre as quais estatuária, trajes e peças de caráter utilitário e decorativo, e por diversos materiais, como terracota, têxteis e porcelana.

Aspecto do Museu do Centro Científico e Cultural de Macau

A Biblioteca, a mais completa em estudos asiáticos do país, é especializada em investigação e materiais pedagógicos sobre a China e a atual Região Administrativa Especial de Macau, bem como sobre a Ásia Oriental e as relações entre a Europa e a Ásia, ficando desde já o convite a visitar a partir de abril, uma vez que até lá se encontra em fase de mudança das antigas instalações para a Rua da Junqueira, nº 34, em Belém. 

As Actividades do Centro

A tradução é uma área privilegiada pelo Centro, inclusive turística, e, em breve, disporá de uma oficina de introdução à língua minoritária Patuá, o crioulo de Macau. Neste âmbito temático, apresenta “A Língua Portuguesa na Ásia e no Pacífico”. Já no enquadramento artístico, disponibiliza um “Curso de Música Chinesa”.

O CCCM, enquanto centro de investigação, promove vários tipos de encontros científicos, desde palestras a conferências internacionais. A partir de março e abril de 2022, organiza três encontros dedicados a Macau, à China e à Ásia e em setembro um vocacionado para os estudos japoneses.

É, também, uma instituição de acolhimento de bolseiros em estreita colaboração com a Fundação para a Ciência e Tecnologia e de receção de estagiários em parceria com instituições de ensino superior. Colabora, ainda, com a Universidade Alcântara Sénior, na lecionação da disciplina de Cultura Chinesa e História da Ásia. 

Firmou ainda acordo com a Rádio Freguesia de Belém, uma rádio online, em dois programas, um intitulado “Viagem ao Museu de Macau”, outro de divulgação da língua chinesa, através da cultura, em três dimensões, Mandarim, Cantonense e Patuá, a fim de aproximar as comunidades locais, tanto de Alcântara como de Belém, das atividades do Centro, com o objetivo de espalhar a sua cultura pelas ruas de Lisboa.

O Centro Científico e Cultural de Macau tem ainda protocolos de colaboração com várias instituições de ensino superior, incluindo as de Macau. Aqui se distingue a colaboração com a Universidade de Macau, bem como um plano de publicações definido para os estudos da China, de Macau e da Ásia. A mencionar em finais de 2021, a edição conjunta com a Universidade de Macau da obra Referencial Ensino de Português Língua Estrangeira na China, da autoria de Maria José Grosso, Jing Zhang; Catarina Gaspar e Madalena Teixeira, além de estar a desenvolver uma rede de arquivos digitais de todas as bibliotecas e centros de documentação que em Lisboa possuem estudos sobre a Ásia. 

Depois desta breve apresentação do Centro, muito ficou por dizer, aguardando em breve a visita do leitor, que poderá experienciar em vivos tons o encontro com a arte e a sabedoria orientais na Rua da Junqueira n. 30 e, ainda, ter um primeiro contacto connosco online através do nosso website.

getLISBON sugere a leitura do artigo 7 Sinais de Macau em Lisboa, onde pode saber mais sobre esta cidade historicamente ligada a Portugal.

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Ana Cristina Ferreira de Almeida Rodrigues Alves é doutora em Filosofia da História, da Cultura e da Religião pela Universidade de Lisboa desde 2005.
Coordena o Setor Educativo e a área de tradução Chinês/Português no Centro Científico e Cultural de Macau. Colabora, ainda, com o Instituto de Cultura e Língua Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Tem trabalhos publicados sobre contos e mitos relativos à cultura chinesa, ensaios sobre a filosofia chinesa e material pedagógico relativo à tradução Chinês-Português.
Em 2021 ganhou o Prémio A-Má, atribuído pela Fundação Casa de Macau, com o conto “Delírios de A-Má”.

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