Nesta rubrica reunimos testemunhos de pessoas que julgamos ter relações particulares com a cidade de Lisboa, pessoas que vamos conhecendo no âmbito do nosso projecto e, claro, também de amigos. Em Lisboa em Nós de Itamar De Grandi damos espaço a um amigo de longa data. Um gaúcho que adoptou Lisboa como a sua casa há mais de 30 anos. Um espírito criativo e multifacetado que entranhou e ama esta cidade.
A primeira vez que vi Lisboa foi numa manhã de Abril. Na chegada à Portela, recebeu-me com sol, céu azul e algumas poucas nuvens – nunca mais esqueci este momento. A partir daí, não foi preciso estranhar-se, entranhou-se logo.
Trago comigo tudo o que vivi em tantos anos lisboetas: o cheiro das castanhas assadas anunciando o outono, as madrugadas depois do trabalho no cacau da Ribeira, o contraste do verde do Tejo com o rosa do céu na primavera, as noites de festa nos concertos no Coliseu, a descoberta de outros sentidos para as palavras que já conhecia, o som das guitarras portuguesas, os filmes no Quarteto, as ingênuas marchas nas festas de junho, a exuberância da Expo98, a profecia do rebuçado chinês de que iria subir na vida… pelo elevador de Santa Justa, os desenhos em 2 tons da calçada portuguesa, os amores que vivi e vivo, os jacarandás floridos, as tristezas que tive, as alegrias que comemorei, as ruas e vielas onde sempre são descobertas novas formas de Lisboa, a paixão pelos azulejos, a amizade desinteressada e mantida após tantos anos, os museus, os jardins da Gulbenkian, a movida dos anos 80, os inúmeros miradouros dando-nos cada um uma vista especial da cidade, e o Tejo, serenamente correndo em direção ao mar.
Como não amar esta cidade, como não agradecer-lhe tudo o que me proporcionou, tudo aquilo que me levou a ser quem sou agora? Uma só vida em Lisboa é pouco. Quero mais.
Lisboa em Nós de Itamar De Grandi | |
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Mini apresentação | Há 38 anos em Lisboa, foram muitas as experiências que este brasileiro do sul do Brasil vivenciou. Consegui fazer muitas coisas, algumas bastante diferentes ao mesmo tempo, mas sempre entusiasmantes: joalharia, tapetes de Arraiolos, representante de uma marca de roupa espanhola, gerente de bar no Bairro Alto e muito mais. Cozinheiro autodidata, sou há 3 anos o responsável pela criação e pela cozinha do restaurante vegetariano GRANOS, em Campo de Ourique. |
Um local inspirador | Praça do Comércio |
Uma visita imperdível | Museu do Azulejo |
Água na boca com… | Batatas a murro, hummmmm |
Uma música… | Gaivota, na voz de Amália |
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