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Hoje falamos-lhe dos primeiros transportes de Lisboa. É neles que encontramos a origem de um dos maiores ícones da cidade, o Carro Eléctrico, o Eléctrico da Carris ou mesmo o Amarelo da Carris como o cantou o poeta Ary dos Santos.
A par de monumentos como a Sé ou a Torre de Belém, dos azulejos, da calçada portuguesa, dos históricos ascensores e elevadores, ou mesmo das sardinhas, lá está o Eléctrico que, há mais de 100 anos, percorre as sete colinas de Lisboa.
Mas quais são as suas origens? Já ouviu falar de Omnibus, Larmanjat ou Americano? Se lhe dissermos que se trata dos nomes dos primeiros transportes de Lisboa talvez lhe aguce a curiosidade.
Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.
Os Primeiros Transportes de Lisboa
Nas últimas décadas do séc. XIX observou-se um aumento populacional muito expressivo e, consequentemente, uma crescente necessidade de mobilidade. Esta emergência seria decisiva para o desenvolvimento dos primeiros transportes de Lisboa.
Da mesma forma, a revolução nos transportes viria a ser responsável pela possibilidade de expansão da cidade.
A Sege e a Mala-Posta
Até então as deslocações estavam dependentes de formas de transporte particular ou de aluguer como a Sege e a Mala-Posta, pouco eficazes e dispendiosos.
A Sege surgiu no final do séc. XVIII e consistia numa caixa estreita resguardada por oleados, apoiada em duas rodas e puxada por um ou dois cavalos.
O serviço de Mala-Posta fazia-se numa diligência e destinava-se ao transporte de correio mas também levava passageiros. Pretendia-se fazer a ligação entre as cidades de Lisboa e Porto mas o serviço apenas conseguiu aproximar a capital a Coimbra entre 1798 e 1804, um curto período de tempo dada a fraca procura devido aos elevados preços.
Pode ver exemplares destes transportes no Museu Nacional dos Coches, em Belém.
O Omnibus
Um dos primeiros transportes de Lisboa surge apenas em 1834 com a introdução do Omnibus, uma carruagem então com capacidade para até 15 passageiros, puxada por uma ou duas parelhas de cavalos.
No ano seguinte o negócio é trespassado e é criada a Companhia de Carruagens Omnibus. Esta operava entre a cidade e a periferia (Loures, Mafra, Oeiras, Sintra…) e em dois percursos fixos dentro da cidade que ligavam a Praça do Município a Santa Apolónia e esta ao Rato.
As elevadas tarifas não permitiam a sua utilização pelas camadas menos abastadas da população e a Companhia não sobreviveu a 1865. Outras pequenas companhias de iniciativa individual foram então criadas, assegurando apenas percursos específicos.
O Larmanjat
Em 1870 pela mão do Duque de Saldanha é instalado em Lisboa o Larmanjat. Tratava-se de um sistema inventado por um francês que lhe deu nome e que consistia num caminho de ferro de mono-carril, sobre o qual se deslocava uma locomotiva que puxava uma sucessão de carruagens.
Saldanha em parceria com capitais ingleses funda a Lisbon Steam Tramways Company. Esta vai ter a concessão das linhas, inauguradas em 1873, que ligavam a zona do Rego em Lisboa a Sintra e a Torres Vedras. As conexões ao centro da cidade continuavam a ser feitas em serviços combinados por omnibus.
Construções mal concebidas com materiais sem qualidade resultaram em inúmeros descarrilamentos e atrasos que ao fim de dois anos levaram a Companhia a suspender funções. O Larmanjat foi então alvo de chacota dos nacionais, a Companhia acusada de corrupção em Londres… um escândalo com contornos internacionais.
Os Americanos e a Carris
Os chamados Americanos surgiram em Nova Iorque em 1832. Eram como os Omnibus carruagens de tracção animal mas que circulavam sobre carris.
Em Portugal foram adoptados primeiro no Porto em 1871 e acabariam, após inúmeras dificuldades burocráticas, por ser aprovados para Lisboa no ano seguinte.
Para tal foi fundamental a criação da Companhia Carris de Ferro de Lisboa surpreendentemente constituída no Rio de Janeiro em 1872, cidade onde este sistema funcionava com sucesso e onde já operavam diversas companhias concorrentes.
Com carris importados de Inglaterra, carruagens dos Estados Unidos e accionistas brasileiros e portugueses, o primeiro trajecto, entre Santa Apolónia e Santos, foi inaugurado em Novembro de 1873.
No ano seguinte, a sede da Companhia passa do Rio para Lisboa. O período que se seguiu, apesar de muitas dificuldades, seria de expansão da rede e inovação tecnológica.
Ao longo do tempo a Carris foi comprando as pequenas Companhias de Omnibus que continuavam a operar, adquirindo o monopólio dos transportes colectivos de Lisboa.
Contudo, houve um operador que se recusou até ao fim a vender a sua empresa à Carris, mantendo-se no activo até 1917. Tratava-se de Eduardo Jorge, o famoso Chora, assim conhecido por insistentemente se lamentar dos seus parcos lucros.
No Museu da Carris é possível observar veículos de várias épocas e uma réplica do Americano nº 100 projectado em 1886.
Os Eléctricos
É na transição do século que se concretizará a implementação do sistema com motor electrificado por condutores aéreos, tecnologia que finalmente viria revolucionar o sector dos transportes urbanos em Lisboa.
Para tal foi fundada em Londres a Lisbon Electric Tramways Limited Company, em resultado de uma parceria da Carris com capitais ingleses.
Em 1910 a rede contava já com 115km e 229 carros. O sucesso deveu-se à possibilidade de uma significativa redução dos preços das tarifas.
O acesso ao transporte urbano das camadas mais desfavorecidas da população permitiu que houvesse uma maior distância entre a morada e o local de trabalho. Assistiu-se por isso a uma deslocação para novos bairros mais baratos mais distantes do centro.
A Carris e o seu revolucionário Eléctrico constituíram assim um factor decisivo para a expansão urbana de Lisboa.
Hoje o papel do Eléctrico é outro, mas essa é uma outra história que lhe contamos em Electricos de Lisboa, Um Ícone da Cidade!
Nota: Artigo original publicado em 09/09/2020.
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