Apresentamos-lhe um alfacinha bem-disposto, apaixonado por música e conhecedor de Lisboa. Em Lisboa em Nós de Luís Lopes explica-nos o seu percurso e como “apanhou o vírus” por esta cidade única.
Ainda criança, já era levado pelo meu pai, também “alfacinha” (nascido em 1902) e amante da cidade, a conhecer/explorar Lisboa. Fizemos trajectos inteiros de autocarro, de eléctrico, de elevador, e visitámos os vários museus (Arte Antiga, Marinha, Arqueológico, Etnológico, Arte Popular, Militar…), o Aquário Vasco da Gama, o Planetário, o inevitável Jardim Zoológico, e até a Igreja de São Domingos, logo a seguir ao grande incêndio de 1959. Penso que foi com todas estas visitas “guiadas” que apanhei o vírus por Lisboa!
Entretanto, apesar de ter crescido no bairro de Alvalade, as minhas idas à Baixa eram frequentes porque o meu pai tinha uma pequena loja na Rua das Portas de Santo Antão e levava-me para lá muitas vezes. Na verdade, tal como para ele, a Baixa tornou-se o meu segundo bairro.
Anos mais tarde, no curso de Turismo e Guia-Intérprete, tive o imenso prazer de estudar e aprender o Património da cidade (e do resto do país). E, portanto, nunca deixei de continuar a explorar e a descobrir Lisboa. E, a paixão pela fotografia, também me ajudou a “ver” a tão cantada luz única que esta cidade tem.
Costumo dizer que tenho apenas um problema mal resolvido com Lisboa: a platónica nostalgia da cidade e do seu património arquitectónico e cultural de antes do grande terramoto de 1755. Mas, penso que tenho que viver com isso ☺. Contudo, em compensação, ficou Belém quase intacta e nasceram a magnífica Baixa Pombalina, o encantador Chiado e a bela Avenida da Liberdade.
Durante a minha vida, o único momento extraordinário que tenho pena de não ter vivido, em Lisboa, foi o 25 de Abril. Estava, nessa altura, a residir temporariamente a quase 300 kms daqui…
Hoje, olho para Lisboa e considero-a uma “cidade total” onde há tudo e o seu “contrário”. Onde convivem o passado – ou os vários passados – e o presente (e onde podemos olhar, também, para o futuro). Onde há rio quase mar e há colinas. Onde a urbe abraça uma floresta. Onde podemos admirar o nascer e o pôr do Sol. Onde podemos admirá-la de baixo para cima e de cima para baixo. E onde temos o privilégio de caminhar – não raro inconscientemente – sobre obras de arte (a calçada portuguesa, onde ela está bem implantada e cuidadosamente mantida). E, tudo sob o manto diáfano desta luz tão única! (Pergunto: quantas cidades há na Europa que ofereçam isto?).
Hoje, muito dificilmente ver-me-ia a viver noutro lugar sem estar sempre “caído” em Lisboa.
| Lisboa em Nós de Luís Lopes | |
|---|---|
| Mini apresentação | Nasci, cresci e vivi (quase sempre e ainda acontece) em Lisboa. Desde cedo decidi o que queria ser em adulto – Guia-Intérprete – e, assim, dirigi os meus estudos nessa direcção. Estou profissionalmente ligado ao Turismo desde os 19 anos de idade. Ao longo da minha vida, desenvolvi várias paixões, como a Música, a História, a Fotografia e o Saber. |
| Um local inspirador | Dois: O Miradouro sudoeste do Castelo de São Jorge e o Monumento das Descobertas. |
| Uma visita imperdível | Interior: Painéis de São Vicente (MNAA) e Capela de São João Baptista (Igreja de São Roque). Híbrido: Claustro dos Jerónimos. Exterior: Cais das Colunas, ao fim da tarde. |
| Água na boca com… | O inevitável Pastel de Belém (ou um bom pastel de nata), com canela e arquivado com uma bica! |
| Uma música… | (Apenas uma, é difícil…) Um Homem na Cidade e Fado da Saudade, na voz de Carlos do Carmo (e nas versões em Fado by Carlos Saura) |
Luís Lopes é autor do artigo Liszt em Lisboa, em Plena Lisztomania publicado na rubrica getLISBON convida.
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